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Ex-cambistas se viram nas ruas
Dois anos e três meses depois de terem sido obrigados a parar de trabalhar com a venda do jogo do bicho, cerca de 1.500 ex-cambistas ainda aguardam pela decisão da Justiça do Trabalho na reclamação que movem contra a empresa Colibri, de João Arcanjo Ribeiro. Enquanto isso sobrevivem como podem. A maioria acima de 40 anos - e com uma média de 15 anos de trabalho com o jogo do bicho -, eles não encontram emprego com tanta facilidade e vivem, invariavelmente, em situação bem pior do que antes da derrocada do bicheiro.
Sem nenhuma formação profissional, eles se viram, da noite para o dia, desprovidos do sustento da família. Para piorar – e apesar das promessas –, nesse período não houve um único programa capaz de qualificá-los para o mercado de trabalho.
“Trabalhei com o jogo do bicho por quase vinte anos. Tive banca no centro de Cuiabá e no Porto. Ninguém nunca me incomodou para dizer que estava errado. Nunca imaginei que um dia teria que parar. Desde 2002 eu estou desempregado. Já fui no Correio, tentei fazer concurso, mas quem vai contratar um homem de 72 anos?”, pergunta Clemente Jesus Ferreira.
O processo de Clemente contra a Colibri já está em última instância, em Brasília. Por isso, apega-se à esperança de que os ministros do Superior Tribunal do Trabalho (TST) lhe dêem ganho de causa, já que não tem de onde tirar dinheiro para custear as despesas da casa.
Clemente Ferreira argumenta que mesmo um peão, quando trabalha no mato sem vínculos empregatícios e se cansa com o tempo, acaba por receber os direitos trabalhistas.
“Se todo mundo sabia e que fazíamos e ninguém dizia uma palavra contra, por que agora querem tirar nosso direito? Trabalhamos como qualquer outra pessoa”, protesta.
Por cada jogo feito, 15% do dinheiro investido ficava com o cambista. Em pontos mais distantes, os vendedores tiravam em média de R$ 500 por mês, e nos centrais, onde havia mais movimento, cerca de R$ 800, dinheiro razoável para uma família de classe baixa.
Como não precisavam ficar caminhando ou fazer maior esforço, muitos idosos e deficientes físicos recorriam à venda do jogo do bicho para seu sustento. Por isso a dificuldade de arrumar novos empregos agora que não são mais cambistas. Locomovendo-se em uma cadeira de rodas, Sebastião Roberto da Silva, de 47 anos, hoje sobrevive da venda de loterias oficiais.
Maria Euza Correa, de 45 anos, recorreu ao trabalho de ambulante para fugir do desemprego. Fica todos os dias no mesmo local onde tinha a banca de jogos, no centro de Cuiabá, comprando e vendendo vale-transportes, enquanto espera pela legalização do jogo. “Para nós, o que aconteceu foi muito difícil, porque sempre trabalhamos como cambistas e nunca fomos repreendidos. Agora nos resta torcer pela decisão da justiça a nosso favor”, diz Euza.
Cerca de 300 pessoas que entraram com processo trabalhista contra Arcanjo tiveram o pedido negado em segunda instância e ainda tiveram seus casos encaminhados ao Juizado Especial Criminal, onde respondem processo como contraventores. As audiências acontecem desde 2003 e os ex-cambistas estão sendo convidados a fazer acordo com a justiça para não responder processo.
Indignado com a acusação contra os colegas, um ex-cambista de uma banca do centro - que não quis ver o nome publicado - questionou o porquê de somente os mais fracos sofrerem as conseqüências, já que todas as autoridades sabiam e muitos jogavam com eles. “Cansei de fazer jogo para policiais e delegados. Tinham uns que chegavam a apostar R$ 300”.
Sem nenhuma formação profissional, eles se viram, da noite para o dia, desprovidos do sustento da família. Para piorar – e apesar das promessas –, nesse período não houve um único programa capaz de qualificá-los para o mercado de trabalho.
“Trabalhei com o jogo do bicho por quase vinte anos. Tive banca no centro de Cuiabá e no Porto. Ninguém nunca me incomodou para dizer que estava errado. Nunca imaginei que um dia teria que parar. Desde 2002 eu estou desempregado. Já fui no Correio, tentei fazer concurso, mas quem vai contratar um homem de 72 anos?”, pergunta Clemente Jesus Ferreira.
O processo de Clemente contra a Colibri já está em última instância, em Brasília. Por isso, apega-se à esperança de que os ministros do Superior Tribunal do Trabalho (TST) lhe dêem ganho de causa, já que não tem de onde tirar dinheiro para custear as despesas da casa.
Clemente Ferreira argumenta que mesmo um peão, quando trabalha no mato sem vínculos empregatícios e se cansa com o tempo, acaba por receber os direitos trabalhistas.
“Se todo mundo sabia e que fazíamos e ninguém dizia uma palavra contra, por que agora querem tirar nosso direito? Trabalhamos como qualquer outra pessoa”, protesta.
Por cada jogo feito, 15% do dinheiro investido ficava com o cambista. Em pontos mais distantes, os vendedores tiravam em média de R$ 500 por mês, e nos centrais, onde havia mais movimento, cerca de R$ 800, dinheiro razoável para uma família de classe baixa.
Como não precisavam ficar caminhando ou fazer maior esforço, muitos idosos e deficientes físicos recorriam à venda do jogo do bicho para seu sustento. Por isso a dificuldade de arrumar novos empregos agora que não são mais cambistas. Locomovendo-se em uma cadeira de rodas, Sebastião Roberto da Silva, de 47 anos, hoje sobrevive da venda de loterias oficiais.
Maria Euza Correa, de 45 anos, recorreu ao trabalho de ambulante para fugir do desemprego. Fica todos os dias no mesmo local onde tinha a banca de jogos, no centro de Cuiabá, comprando e vendendo vale-transportes, enquanto espera pela legalização do jogo. “Para nós, o que aconteceu foi muito difícil, porque sempre trabalhamos como cambistas e nunca fomos repreendidos. Agora nos resta torcer pela decisão da justiça a nosso favor”, diz Euza.
Cerca de 300 pessoas que entraram com processo trabalhista contra Arcanjo tiveram o pedido negado em segunda instância e ainda tiveram seus casos encaminhados ao Juizado Especial Criminal, onde respondem processo como contraventores. As audiências acontecem desde 2003 e os ex-cambistas estão sendo convidados a fazer acordo com a justiça para não responder processo.
Indignado com a acusação contra os colegas, um ex-cambista de uma banca do centro - que não quis ver o nome publicado - questionou o porquê de somente os mais fracos sofrerem as conseqüências, já que todas as autoridades sabiam e muitos jogavam com eles. “Cansei de fazer jogo para policiais e delegados. Tinham uns que chegavam a apostar R$ 300”.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/351698/visualizar/
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