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Mesa não decide se fica ou se sai da presidência da Bolívia
Os bolivianos assistiram atônitos seu presidente, Carlos Mesa, anunciar sua renúncia duas vezes em duas semanas, para mudar de idéia logo em seguida. Alguns já começam a brincar dizendo que o ex-jornalista, considerado o "Larry King da Bolívia", simplesmente está gostando de ficar sob os holofotes mundiais.
Mas há também uma séria motivação para as idas e vindas de Mesa. Um massificado e às vezes violento movimento indígena paralisou a economia com seus protestos e fez a política parecer um espetáculo secundário.
Entretanto, ao anunciar de forma dramática, à meia-noite de quinta-feira, que permaneceria no cargo, Mesa pode ter dificultado enormemente o cumprimento de seu mandato, até 2007.
"Ninguém mais acredita no que ele diz. Não acho que Mesa ainda tenha credibilidade depois disso", disse o analista político Jorge Lazarte. "Não vejo como ele pode continuar".
A decisão de ficar no cargo foi anunciada após um exaustivo debate no Congresso na quinta-feira. Os parlamentares não se cansaram de zombar dele como sendo uma "rainha do drama" e um "narcisista". Um deputado o chamou de "hormonal", enquanto outro disse: "Daqui a pouco ele virá até nós para pedir ajuda em sua vida amorosa". Na hora de votar, deputados e senadores rejeitaram a proposta de Mesa de antecipar as eleições presidenciais para agosto.
No final da noite, após horas de reunião com autoridades civis, militares e eclesiásticas, o presidente surgiu na TV. Parecia exausto, tinha profundas olheiras e dava a impressão de estar totalmente inseguro da sua decisão de permanecer.
"Não vou fugir das minhas responsabilidades", disse Mesa, e 51 anos. "Não faz sentido entregar o poder agora. Não resolveria a crise".
Governar o país mais pobre da América do Sul é sabidamente difícil. O próprio Mesa lembrou, na semana passada, que a Bolívia teve quase um presidente por ano em cerca de 180 anos de independência.
Mesa assumiu a Presidência em outubro de 2003, quando Gonzalo Sánchez de Lozada, de quem ele era vice, fugiu do país durante uma revolta indígena semelhante à atual.
Os protestos mais recentes se dirigem contra a proposta de Mesa de abrir o setor energético a mais investimentos estrangeiros. Somam-se a isso um sentimento antiamericano e a forte discriminação que os indígenas sofrem por parte da elite branca.
Em El Alto, um subúrbio pobre de La Paz que é o epicentro das manifestações, a maioria da população gosta do presidente — cuja popularidade no país supera os 60 por cento, segundo as pesquisas -, mas consideram que ele não está dando conta do recado.
"Ele parece um bom sujeito, mas não acho que alguém consiga controlar o que está acontecendo agora na Bolívia. Há muitos de nós que querem uma solução para a pobreza", disse Policarpio Machaca, de 27 anos, um indígena aimara que vive em uma casa sem água corrente.
Mesa disse na quinta-feira que foi incentivado a ficar pelo fato de os indígenas terem removido as rochas e troncos que bloqueavam várias estradas do país, causando escassez de alimentos nas cidades e prejuízos milionários para as empresas.
O presidente prometeu não usar "uma só bala" para romper os bloqueios e renunciar se houver derramamento de sangue. Mas, se valer a tradição, a trégua será curta. "Suas chantagens e suas ameaças de renuncia não mudam nada", disse o deputado indígena Evo Morales, maior adversário do presidente. "Ele está só sendo dramático, como é usual. A Bolívia ainda é um problema gigantesco que precisa ser resolvido".
Mas há também uma séria motivação para as idas e vindas de Mesa. Um massificado e às vezes violento movimento indígena paralisou a economia com seus protestos e fez a política parecer um espetáculo secundário.
Entretanto, ao anunciar de forma dramática, à meia-noite de quinta-feira, que permaneceria no cargo, Mesa pode ter dificultado enormemente o cumprimento de seu mandato, até 2007.
"Ninguém mais acredita no que ele diz. Não acho que Mesa ainda tenha credibilidade depois disso", disse o analista político Jorge Lazarte. "Não vejo como ele pode continuar".
A decisão de ficar no cargo foi anunciada após um exaustivo debate no Congresso na quinta-feira. Os parlamentares não se cansaram de zombar dele como sendo uma "rainha do drama" e um "narcisista". Um deputado o chamou de "hormonal", enquanto outro disse: "Daqui a pouco ele virá até nós para pedir ajuda em sua vida amorosa". Na hora de votar, deputados e senadores rejeitaram a proposta de Mesa de antecipar as eleições presidenciais para agosto.
No final da noite, após horas de reunião com autoridades civis, militares e eclesiásticas, o presidente surgiu na TV. Parecia exausto, tinha profundas olheiras e dava a impressão de estar totalmente inseguro da sua decisão de permanecer.
"Não vou fugir das minhas responsabilidades", disse Mesa, e 51 anos. "Não faz sentido entregar o poder agora. Não resolveria a crise".
Governar o país mais pobre da América do Sul é sabidamente difícil. O próprio Mesa lembrou, na semana passada, que a Bolívia teve quase um presidente por ano em cerca de 180 anos de independência.
Mesa assumiu a Presidência em outubro de 2003, quando Gonzalo Sánchez de Lozada, de quem ele era vice, fugiu do país durante uma revolta indígena semelhante à atual.
Os protestos mais recentes se dirigem contra a proposta de Mesa de abrir o setor energético a mais investimentos estrangeiros. Somam-se a isso um sentimento antiamericano e a forte discriminação que os indígenas sofrem por parte da elite branca.
Em El Alto, um subúrbio pobre de La Paz que é o epicentro das manifestações, a maioria da população gosta do presidente — cuja popularidade no país supera os 60 por cento, segundo as pesquisas -, mas consideram que ele não está dando conta do recado.
"Ele parece um bom sujeito, mas não acho que alguém consiga controlar o que está acontecendo agora na Bolívia. Há muitos de nós que querem uma solução para a pobreza", disse Policarpio Machaca, de 27 anos, um indígena aimara que vive em uma casa sem água corrente.
Mesa disse na quinta-feira que foi incentivado a ficar pelo fato de os indígenas terem removido as rochas e troncos que bloqueavam várias estradas do país, causando escassez de alimentos nas cidades e prejuízos milionários para as empresas.
O presidente prometeu não usar "uma só bala" para romper os bloqueios e renunciar se houver derramamento de sangue. Mas, se valer a tradição, a trégua será curta. "Suas chantagens e suas ameaças de renuncia não mudam nada", disse o deputado indígena Evo Morales, maior adversário do presidente. "Ele está só sendo dramático, como é usual. A Bolívia ainda é um problema gigantesco que precisa ser resolvido".
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/351889/visualizar/
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