Fidel valoriza o peso e nega ser milionário

Havana - O presidente de Cuba, Fidel Castro, anunciou uma valorização de 7% do peso cubano em relação ao dólar e garantiu que a economia da ilha tem um "excelente comportamento". "Temos que acabar com os ´trapicheos´", afirmou, numa referência ao mercado paralelo do dólar, durante encontro com 2 mil representantes do governo na noite de quinta-feira. Segundo ele, a intervenção no mercado de câmbio não tem nada de "especial". A nova taxa será de 24 e 25 pesos para compra e venda, contra 27 e 26 anteriormente.

Mesmo demonstrando otimismo, Fidel Castro cobrou mais eficiência na produção de alimentos e disse que a antes poderosa indústria açucareira, a principal atividade da ilha durante décadas, "hoje é a ruína" da economia cubana. "O açúcar não voltará a viver jamais deste país; isso pertence à época da escravatura", afirmou durante as três horas de discurso trajando o tradicional uniforme militar.

Castro, de 78 anos e 46 deles no poder, aproveitou para rebater a reportagem da revista norte-americana Forbes, na qual ele aparece com uma fortuna de US$ 500 milhões. "Uma vez mais cometeram uma infâmia ao falar de Castro, ao me compararem com a rainha da Inglaterra", disse. Ele não descartou a hipótese de acionar judicialmente revista. "Me comparam a Mobutu (o ditador do antigo Zaire acusado de ter contas milionárias na Suíça), que o império amamentou e protegeu", afirmou, numa referência aos Estados Unidos. "Eles deveriam buscar onde está o dinheiro dessa gente".

A Forbes disse que a suposta fortuna de Fidel Castro é baseada em uma rede de companhias estatais e laboratórios farmacêuticos. Em comunicado emitido pela embaixada cubano no México, o governo comunista qualifica a matéria da revista como "torpe calúnia e um exemplo repugnante da campanha de mentiras" orquestrada contra Cuba pelos Estados Unidos.