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Vírus mutante da aids resiste à anti-retroviral
O estudo genético sobre a origem de um novo vírus da aids que causou alerta sanitário em Nova York quando foi detectado descreve este agente patogênico como único, resistente a quase todos os tipos de drogas usadas contra a aids e aparentemente capaz de destruir o sistema imunológico com uma rapidez sem precedentes.
Pesquisadores americanos revelaram o DNA do vírus depois de ter sido detectado em um nova-iorquino que, acredita-se, tenha desenvolvido a aids apenas meses depois de ter se infectado, em vez de anos após a contaminação com o HIV, como geralmente acontece. O homem, cuja identidade não foi divulgada e que tem cerca de 40 anos, fez sexo anal sem proteção com vários parceiros homens e tomava regularmente metanfetamina ou "ice" - um estimulante ilegal que aumenta o apetite sexual e reduz a inibição.
Em um estudo que será publicado na edição deste sábado da revista científica The Lancet, a equipe de médicos chefiada por Martin Markowitz, do Centro de Pesquisas Aaron Diamond de Nova York, identificou o vírus 3-DCR como uma cepa mutante do subtipo B do vírus HIV-1, o mais disseminado entre os dois tipos principais do vírus da aids. Seu mapa genético revelou que ele tem um traço incomum: uma dupla opção de caminho para penetrar as células imunológicas humanas, capaz de se agarrar a seu alvo em dois pontos de "acoplagem" chamados receptores, na superfície das células.
Além disso, a forma do novo vírus indica que ele não é atingido por três das quatro categorias de drogas anti-retrovirais utilizadas para evitar a replicação do vírus nas células imunológicas. A quarta, um tipo de tratamento restrito e muito caro chamado inibidores de fusão, concebido para evitar que o vírus se acople à célula, pode ter algum progresso contra este novo vírus, segundo análises do DNA viral.
O paciente foi ao médico em 16 de dezembro passado, reclamando de dor de garganta e fadiga, destacou o estudo. Ele foi submetido a um exame de HIV e o resultado deu positivo. No entanto, ele tinha feito cinco exames anteriormente, entre setembro de 2000 e maio de 2003, e todos deram negativo.
Durante exame de acompanhamento feito em 13 de janeiro, ele já apresentava os sintomas da doença: severa perda de peso (quatro quilos em apenas três semanas), fraqueza, anorexia, dor de garganta e dificuldade para engolir.
Comparando os resultados dos exames com as atividades sexuais do paciente, os pesquisadores concluíram que ele evoluiu de infecção ao desenvolvimento da aids em um intervalo de quatro a 20 meses, uma velocidade sem precedentes na história da doença. O caso foi reportado pela primeira vez durante conferência sobre aids, realizada em fevereiro passado em Nova York.
A descoberta deste vírus foi considerada tão importante que a equipe emitiu um alerta às autoridades sanitárias municipais, que começaram a rastrear os parceiros sexuais do paciente e celebraram uma entrevista coletiva para alertar a população sobre a prática de sexo seguro.
O surgimento de uma nova cepa mais resistente do vírus é um pesadelo para os ativistas da aids, que se preocupam de que possa neutralizar as drogas anti-retrovirais, que fizeram dos portadores do HIV doentes crônicos ao invés de condenados à morte.
Mas a descoberta já causou polêmica. Outros cientistas condenaram o alerta por acharem que foi prematuro e alguns ativistas gays o consideraram alarde demais. A equipe de Markowitz reforça que ainda não está claro quão virulento é o 3-DCR, quão facilmente é transmitido e se algumas pessoas são mais suscetíveis geneticamente que outras. Mas eles afirmam também que o novo vírus é excepcional.
Normalmente, cepas resistentes são menos virulentas, pois ganham resistência às custas de sua habilidade para se replicar. Neste caso, no entanto, o agente - embora em testes de laboratório - se replicou tão facilmente quanto os tipos não-resistentes.
"Este caso serve como lembrete de que o HIV continua sendo um inimigo assustadoramente versátil, que pode sofrer mutações para escapar do ataque imunológico ou adquirir resistência às drogas com rapidez surpreendente", destacou a revista The Lancet em seu editorial. "(...) Apesar de todos o progresso que tem sido feito no desenvolvimento de novas drogas, a prevenção continua sendo a estratégia mais eficiente para combater o HIV, especialmente os esforços que têm como alvo grupos de risco", concluiu.
Pesquisadores americanos revelaram o DNA do vírus depois de ter sido detectado em um nova-iorquino que, acredita-se, tenha desenvolvido a aids apenas meses depois de ter se infectado, em vez de anos após a contaminação com o HIV, como geralmente acontece. O homem, cuja identidade não foi divulgada e que tem cerca de 40 anos, fez sexo anal sem proteção com vários parceiros homens e tomava regularmente metanfetamina ou "ice" - um estimulante ilegal que aumenta o apetite sexual e reduz a inibição.
Em um estudo que será publicado na edição deste sábado da revista científica The Lancet, a equipe de médicos chefiada por Martin Markowitz, do Centro de Pesquisas Aaron Diamond de Nova York, identificou o vírus 3-DCR como uma cepa mutante do subtipo B do vírus HIV-1, o mais disseminado entre os dois tipos principais do vírus da aids. Seu mapa genético revelou que ele tem um traço incomum: uma dupla opção de caminho para penetrar as células imunológicas humanas, capaz de se agarrar a seu alvo em dois pontos de "acoplagem" chamados receptores, na superfície das células.
Além disso, a forma do novo vírus indica que ele não é atingido por três das quatro categorias de drogas anti-retrovirais utilizadas para evitar a replicação do vírus nas células imunológicas. A quarta, um tipo de tratamento restrito e muito caro chamado inibidores de fusão, concebido para evitar que o vírus se acople à célula, pode ter algum progresso contra este novo vírus, segundo análises do DNA viral.
O paciente foi ao médico em 16 de dezembro passado, reclamando de dor de garganta e fadiga, destacou o estudo. Ele foi submetido a um exame de HIV e o resultado deu positivo. No entanto, ele tinha feito cinco exames anteriormente, entre setembro de 2000 e maio de 2003, e todos deram negativo.
Durante exame de acompanhamento feito em 13 de janeiro, ele já apresentava os sintomas da doença: severa perda de peso (quatro quilos em apenas três semanas), fraqueza, anorexia, dor de garganta e dificuldade para engolir.
Comparando os resultados dos exames com as atividades sexuais do paciente, os pesquisadores concluíram que ele evoluiu de infecção ao desenvolvimento da aids em um intervalo de quatro a 20 meses, uma velocidade sem precedentes na história da doença. O caso foi reportado pela primeira vez durante conferência sobre aids, realizada em fevereiro passado em Nova York.
A descoberta deste vírus foi considerada tão importante que a equipe emitiu um alerta às autoridades sanitárias municipais, que começaram a rastrear os parceiros sexuais do paciente e celebraram uma entrevista coletiva para alertar a população sobre a prática de sexo seguro.
O surgimento de uma nova cepa mais resistente do vírus é um pesadelo para os ativistas da aids, que se preocupam de que possa neutralizar as drogas anti-retrovirais, que fizeram dos portadores do HIV doentes crônicos ao invés de condenados à morte.
Mas a descoberta já causou polêmica. Outros cientistas condenaram o alerta por acharem que foi prematuro e alguns ativistas gays o consideraram alarde demais. A equipe de Markowitz reforça que ainda não está claro quão virulento é o 3-DCR, quão facilmente é transmitido e se algumas pessoas são mais suscetíveis geneticamente que outras. Mas eles afirmam também que o novo vírus é excepcional.
Normalmente, cepas resistentes são menos virulentas, pois ganham resistência às custas de sua habilidade para se replicar. Neste caso, no entanto, o agente - embora em testes de laboratório - se replicou tão facilmente quanto os tipos não-resistentes.
"Este caso serve como lembrete de que o HIV continua sendo um inimigo assustadoramente versátil, que pode sofrer mutações para escapar do ataque imunológico ou adquirir resistência às drogas com rapidez surpreendente", destacou a revista The Lancet em seu editorial. "(...) Apesar de todos o progresso que tem sido feito no desenvolvimento de novas drogas, a prevenção continua sendo a estratégia mais eficiente para combater o HIV, especialmente os esforços que têm como alvo grupos de risco", concluiu.
Fonte:
AFP
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/352078/visualizar/
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