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Internacional
Quinta - 17 de Março de 2005 às 18:55
Por: Crispian Balmer

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O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, foi acusado hoje de ceder à pressão dos Estados Unidos, depois de aparentemente ter voltado atrás na decisão de iniciar a retirada das tropas italianas do Iraque em setembro. "É um recorde mundial. A retirada do anúncio da retirada em menos de um dia," disse Francesco Rutelli, líder do partido Margarida, de centro-esquerda.

Berlusconi disse num programa de televisão esta semana que queria começar a reduzir o contingente italiano de 3 mil soldados em solo iraquiano em setembro, mas depois afirmou que não tinha estabelecido nenhuma data para a retirada. "Era só minha esperança ... Se não for possível, não é possível. A solução deve ser um acordo entre os aliados," disse ele a repórteres na noite de ontem.

Políticos da oposição atacaram ferozmente a mudança de discurso de Berlusconi, que aconteceu algumas horas depois de ele ter recebido um telefonema do presidente dos EUA, George W. Bush. "Tivemos de assistir Berlusconi engolindo suas palavras depois de receber um chega-para-lá de Bush," disse Rutelli.

Os principais jornais italianos também afirmaram que Bush e o premiê britânico, Tony Blair, obrigaram Berlusconi a retirar sua declaração. "Bush e Blair põem freios em Berlusconi," dizia a manchete do Corriere della Sera. "Bush e Blair barram Berlusconi," dizia a do La Repubblica.

O primeiro-ministro negou que tenha mudado de opinião e acusou a imprensa de interpretar equivocadamente suas declarações. "O que aconteceu nos jornais é um caso de desonestidade intelectual," disse ele a repórteres na quinta-feira. "Tudo isso foi construído em cima da desinformação e do escândalo, um castelo de areia que vai totalmente contra a verdade."

Os jornais disseram que Berlusconi disse a seus assessores mais próximos que os comentários tiveram o objetivo de acalmar os eleitores antes das importantes eleições regionais do mês que vem. "Qual é a diferença se a retirada começar em dezembro em vez de em setembro?," teria perguntado, de acordo com o La Stampa. "Ao fazer isso, reconfortei todas as mães da Itália, sinalizando que nossos soldados vão voltar logo para casa."

A Itália mantém o quarto maior contingente estrangeiro no Iraque, atrás de EUA, Grã-Bretanha e Coréia do Sul. Uma retirada precoce deixaria um buraco na rede de segurança do país. A maioria dos italianos é contra a presença militar do país no Iraque. A oposição aumentou ainda mais com a morte de um agente da inteligência, atingido por tiros disparados por forças dos EUA quando acompanhava a recém-libertada refém Giuliana Sgreta.





Fonte: Reuters

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