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Internacional
Quinta - 17 de Março de 2005 às 10:34

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O Brasil e a Argentina abriram as quatro primeiras escolas bilíngües de fronteira com o objetivo de integrar os dois países e melhorar o ensino em uma região onde o "portunhol", a mistura de português e espanhol, é o "idioma" do dia-a-dia.

O programa de Ensino Comum em Escolas de Fronteira começou na semana passada em cidades brasileiras e argentinas nas quais os habitantes têm apenas que atravessar uma rua para estar no outro país.

O plano é resultado de um acordo assinado no ano passado entre os ministérios da Educação de Brasil e Argentina, dos ministros Tarso Genro e Daniel Filmus, respectivamente.

"É muito difícil para as crianças diferenciar um idioma de outro, pois elas falam um dialeto que combina português e espanhol, o que dificulta a aprendizagem. Por isso, a idéia é ensinar os dois idiomas nas escolas, para otimizar o ensino e fortalecer a identidade", explicou à EFE Juan Carlos Morinigo, diretor de uma das duas escolas argentinas onde a iniciativa foi aplicada.

A partir da implementação do programa, os professores argentinos começaram a dar aulas nos colégios do Brasil e os brasileiros fizeram o mesmo nas escolas do país vizinho.

Segundo fontes do Ministério da Educação da Argentina, antes da iniciativa as escolas do país que aderiram ao plano proibiam os alunos de falar português em sala de aula.

"É preciso admitir que as crianças argentinas e brasileiras mantém uma relação com a cultura do outro país", afirmou Morinigo, ao se dizer satisfeito com a resposta dos alunos e com o apoio dos pais nos primeiros dias de aula.

O programa foi implementado na escola 604 da cidade de Bernardo de Irigoyen, na província argentina de Misiones, e no colégio Theodoretto, de Dionísio Cerqueira (Santa Catarina), que são separadas por apenas duzentos metros.

Além disso, a proposta inovadora também foi aplicada em uma escola do distrito de Paso de los Libres, na província argentina de Corrientes, e num colégio de Uruguaiana (Rio Grande do Sul).

"O principal objetivo desta iniciativa é mudar o espírito das fronteiras, que historicamente serviram para nos dividir. É preciso destacar a importância da união dos povos da América Latina, especialmente a educação, que é uma ferramenta fundamental para dominar o futuro", disse o ministro argentino Filmus.

Tarso Genro explicou que as fronteiras "são úteis para a integração" e disse que o plano "afirma as identidades" de Brasil e Argentina.

O programa prevê a formação de alunos em todo o ensino básico com conteúdos em português e espanhol, o que faz com que os colégios passem a ter o nome de escolas bilíngües interculturais.

Dessa forma, inclui o ensino de assuntos ligados à história, à geografia e à literatura da região, além da capacitação de docentes, o estabelecimento de contatos com os pais e a realização de atos conjuntos.

"A aplicação do plano é gradual, já que a aprendizagem da outra língua começa no nível inicial, através de canções e jogos. Depois, a iniciativa será levada aos outros alunos, que aprenderão também a linguagem escrita", explicou Morinigo.

Nesta primeira etapa, cerca de trezentos alunos fazem parte do programa, mas é esperado que esse número chegue a mais de mil nos próximos anos.

"Se esta experiência tiver êxito, a estenderemos a ciclos superiores e a outras escolas", disse Filmus.





Fonte: EFE

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