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Internacional
Segunda - 26 de Novembro de 2012 às 09:44

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O povo sírio é quem deve decidir o destino do presidente sírio Bashar al-Assad, considerou o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, que condenou o apoio da França à Coalizão da Oposição síria como "totalmente inaceitável em relação ao direito internacional". Em uma entrevista concedida à AFP e ao jornal Le Figaro por ocasião de sua visita a Paris nesta segunda-feira, Medvedev afirmou que "o desejo de modificar o regime de um terceiro país reconhecendo uma força política como única representante da soberania nacional não me parece algo civilizado". "O povo sírio, incluindo estas forças (da oposição), é quem deve decidir o destino de Assad e de seu regime. Mas é conveniente que estas forças (da oposição) cheguem ao poder por vias legais, e não graças às entregas de armas por parte de terceiros países", acrescentou o primeiro-ministro. "A Rússia não apoia nem o regime de Assad, nem a oposição. Nós temos uma posição neutra", afirmou Medvedev, destacando que a única solução era a abertura de negociações entre as partes em conflito e a organização de novas eleições. Ao ser interrogado sobre a continuação das entregas de armas russas à Síria, Medvedev sustentou que "esta cooperação militar segue tendo um caráter legal" e destacou que não existe um embargo da ONU às entregas de armas à Síria. "Tudo o que fornecemos são armas destinadas a se defender contra uma agressão externa", afirmou. A decisão do governo francês de reconhecer a oposição como "o único representante do povo sírio" e de pedir o levantamento do embargo ao fornecimento de armas aos opositores do regime de Bashar al-Assad é "muito discutível", declarou Medvedev, que nesta segunda-feira à noite inicia uma visita de trabalho à França. "Devo lembrar que, segundo os princípios do direito internacional aprovados pela ONU em 1970, nenhum governo, nenhum Estado, deve iniciar uma ação destinada a derrubar pela força o regime existente em um terceiro país", ressaltou o chefe de governo russo. O presidente francês, François Hollande, que se reunirá com Medvedev durante sua visita, recebeu no dia 17 de novembro o presidente da nova Coalizão da oposição síria, Ahmad Moar al-Khatib. O primeiro-ministro também expressou sua preocupação diante da crise na União Europeia, uma "séria ameaça" para a Rússia, destacou. "Observamos nervosamente. Às vezes parece que falta aos nossos sócios europeus energia e vontade para tomar decisões. E também existe a interminável controvérsia sobre o que é melhor, consolidação fiscal ou desenvolvimento", disse Medvedev. Medvedev indicou que os países da UE representam a metade dos intercâmbios comerciais russos. Além disso, a Rússia tem cerca de 41% de suas reservas de divisas em euros. O primeiro-ministro russo ressaltou que seu país não tem a intenção de vender estes euros. "Realmente desejamos que o euro siga existindo como moeda de reserva estável", explicou. Medvedev, de 47 anos, também disse na entrevista que não descartava voltar a ocupar a presidência, depois de ter sido presidente entre 2008 e 2012, e afirmou estar satisfeito com seu trabalho com o atual chefe de Estado, Vladimir Putin. "Se tenho força e saúde suficientes, se o povo confia em mim e no futuro deste trabalho, neste caso não descarto que as coisas ocorram assim", afirmou o primeiro-ministro russo. Medvedev foi lançado à presidência em 2008 por Putin, que não podia atuar por mais de dois mandatos consecutivos. Esteve no Kremlin até 2012, com Putin como primeiro-ministro, que em 2012 foi eleito como presidente por seis anos, elegendo, por sua vez, Medvedev como primeiro-ministro.





Fonte: AFP

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