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Domingo - 13 de Março de 2005 às 15:35
Por: Paulo Aníbal G. Mesquita

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Conhecido comumente como caramujo africano, seu nome científico é Achatina fulica, foi introduzido ilegalmente no Brasil inicialmente no estado do Paraná há cerca de 20 anos atrás como alternativa econômica ao escargot (Helix aspersa). por um servidor da Secretária de Agricultura. A segunda introdução teria ocorrido no porto de Santos por um servidor público em meados da década de 90, que montou um Heliciário na Praia Grande, no qual promovia cursos de final de semana.

O fracasso das tentativas de comercialização levou os criadores, por desinformação, a soltar os caramujos em nossas matas. Como se reproduz rapidamente e não possui predadores naturais aqui no Brasil, hoje tornou-se uma praga agrícola e pode ser encontrado em praticamente todo o país, inclusive nas regiões litorâneas, como no litoral sul do estado de São Paulo, onde constatamos sua maciça invasão. Esse caramujo africano, de fato pode transmitir ao homem os vermes causadores de um tipo de meningite e da peritonite, por ser o hospedeiro natural deles. O primeiro deles é o Angiostrongylus cantonensis, responsável por um tipo de meningite que ocorre principalmente na Ásia, porém, ha notificação de casos em Cuba, Porto Rico e Estados Unidos.

Apesar de não haver registro dessa doença em nosso território, infelizmente são altas as chances dessa doença se instalar aqui. O outro parasita é o Angiostrongylus costaricensis, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, pode ocasionar um quadro infeccioso abdominal aguda grave, que pode levar à morte. Raramente a doença evolui para forma letal, permanecendo na maior parte das vezes assintomática ou comportando-se como uma parasitose comum. "Conhecida como angiostrongilose abdominal, no Brasil essa doença é transmitida por caramujos nativos, e não pelo gigante africano; na região sul do país encontra-se a maioria dos casos.

Não há registro de exemplares de A.fulica adultos naturalmente infectados no Brasil, porém, as larvas podem se infectar através da ingestão de hortaliças contaminadas com o muco deixado pelo molusco adulto silvestre ao se movimentar. Por isso é que devemos lavar as verduras em água corrente e depois deixar as mesmas em molho, bastando colocar apenas uma colher de sobremesa de água sanitária em um litro de água e deixar os alimentos em molho por durante 15 minutos.

Devido ao seu sucesso reprodutivo, ele tornou-se uma terrível praga agrícola, alimentando-se vorazmente de diversos vegetais de consumo humano, e por isso um parecer técnico 003/03 publicado pelo Ibama e pelo Ministério da Agricultura em 2003, que considera ilegal a criação de caramujos africanos no país, determina a erradicação da espécie e prevê a notificação dos produtores sobre a ilegalidade da atividade. Este parecer vem reforçar a Portaria 102/98 do Ibama, de 1998, que regulamenta os criadouros de fauna exótica para fins comerciais com o estabelecimento de modelos de criação e a exigência de registro dos criadouros junto ao Ibama.

Curiosidade:

Este caramujo é um animal hermafrodita, ou seja, possui no mesmo corpo órgãos sexuais masculinos e femininos, e pesa em média 200 gramas, medindo em média 15 cm de comprimento. Sua concha é alongada e rajada, com cores bege e marrom. Na fase adulta, atingida após um ano de vida, o Achatina pode colocar até 400 ovos a cada ano e o período de incubação leva de 1 a 15 dias. Desenvolve-se muito bem em regiões de clima quente, como nas matas, em regiões sombrias e bastante úmidas como nas proximidades de córregos, rios, lagos e alargados.

O combate:

Primeiro é preciso identificarmos corretamente o caramujo africano para não haver qualquer confusão com as espécies nativas, posteriormente pegamos o exemplar com luva ou saco de plástico para evitarmos o contato direto com ele, e colocar sal ou cloro sobre o mesmo; também pode-se esmagá-lo, e não devemos de esquecer de destruir seus ovos no solo com uma vassoura de grama. Quando chove muito muita região infestada, é comum observarmos os caramujos subindo as paredes, então, é uma boa oportunidade para destruí-los. È preciso observar o local que foi infestado por eles por pelo menos três meses para verificação das reinfestações. O combate químico com o uso de pesticidas não é indicado, pois o produto pode contaminar o solo, a água e até o lençol freático, podendo assim, levar a intoxicação dos animais e do ser humano - além disso, o mais grave é que o tal molusco pode ser resistente a vários pesticidas.

Alerta:

O caramujo na África é o vetor natural das doenças abaixo:

1. Angiostrongilíase meningoencefálica humana Sintomas: dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso

2. Angiostrongilíase abdominal

Causa perfuração intestinal e hemorragia abdominal (cujos sintomas são: dor abdominal, febre prolongada, anorexia e vômitos).




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