Vítima de prisão errada lembra dias intermináveis

Os 42 dias na prisão pareciam intermináveis para Wandercleison Pita de Oliveira, 25. Sob tensão o tempo todo, sentia apenas desespero e medo de nunca mais voltar para casa. "Fui humilhado. Havia comida azeda. Faltava água. A cela fedia muito. Era suja. Não sabia se, ao dormir, acordaria vivo ou morto. A lei lá dentro era: ver, ouvir e calar-se".

Quando chegou, diz que foi para um local insalubre onde ficou sozinho por dois dias. Na chamada sala X, ficou sem tomar banho, pois não havia água. Havia fezes no chão e ele não conseguia comer por causa do mau cheiro. Após, foi transferido para uma cela onde ficava com mais 47 presos. Eles lavavam a roupa e faziam as refeições lá dentro. Lembra que conviveu mais de um mês com "toda espécie de bandido, menos tarado".

Como era "novato", obedecia os presos. Dava dinheiro e cigarro e vigiava o corredor para avisar quando aparecia o carcereiro. A medida impedia que os policiais flagrassem os presos consumindo drogas e amolando chuços. Também não tinha horário para dormir, pois enquanto todos não se deitavam não podia fechar os olhos.(GL)