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Economia
Domingo - 13 de Março de 2005 às 15:03
Por: Marcia Carmo

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Os novos títulos da dívida argentina, entregues na troca dos papéis que sofreram moratória em dezembro de 2001, fecharam a semana com uma valorização de cerca de 15% no mercado futuro.

Os papéis, que começaram a ser negociados na sexta-feira passada, chegaram a registrar uma alta de 20% no começo da semana, mas recuaram um pouco depois da alta nas taxas de juros dos títulos americanos de longo prazo.

"Como são papéis de longo prazo, com vencimentos entre 30 e 42 anos, acabam muito influenciados por tudo o que acontece com os juros dos títulos americanos", disse o economista-chefe da consultoria IBCP, Mariano Flores Vidal.

De qualquer forma, o resultado surpreendeu os analistas de mercado.

Capacidade de pagamento

"Nós esperavamos uma valorização, mas não tão rapidamente", afirmou o economista Fausto Spotorno, da consultoria Delphos Investment.

Uma das razões da valorização dos títulos argentinos é a percepeção por parte dos investidores de que o país, depois da recente renegociação da dívida, tem mais condições de honrar seus compromissos.

"Com a dívida reduzida e com juros menores, a Argentina tem maior capacidade de pagamento do que o Brasil, por exemplo", disse o economista Eduardo Blasco, da Maxinver Consultores.

Na Argentina, as taxas de juros estão em torno dos 9% e, no Brasil, a Selic supera os 18%.

Além disso, a Argentina registrou superávit fiscal recorde nos dois últimos anos, o que também aumenta a capacidade de pagamento das dívidas.

"O mercado olha e analisa: o pior passou, podemos voltar a confiar e ainda mais se as condiçoes de pagamento estão claras", diz Blasco.

O economista lembrou que o mesmo ocorreu com a Rússia logo depois que declarou moratória em 1998, provocando uma crise econômica mundial. Três anos mais tarde, seus novos títulos rendiam muito mais.

Outro fator importante, tanto na opinião de Blasco como na de Spotorno, é o patamar historicamente baixo dos juros dos papéis americanos.

Na década de 80, lembrou Blasco, eles estavam entre 15% e 16%. Na década de 90, as taxas de longo prazo do Tesouro americano eram superiores a 8%. Hoje, estão entre 4% e 4,5%.

"Isso não é só um vento a favor, é uma tormenta favorável", disse.

Para completar, os novos bônus estão de certa forma indexados ao crescimento da economia argentina, que registrou 8% no ano passado e vai a um ritmo de pelo menos 6% neste ano, e à inflação, que também está subindo.

Mas, apesar dos bons resultados registrados nos primeiros dias de negociação dos títulos, ainda não está claro o que acontecerá com os 24% de investidores que não aceitaram a proposta do governo argentino para a troca da dívida.




Fonte: BBC Brasil/Buenos Aires

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