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Internacional
Sábado - 12 de Março de 2005 às 21:50

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O governo egípcio ordenou hoje, sábado, a libertaçao do deputado opositor Ayman Nour, que pretende se tornar o principal adversário do presidente do Egito, Hosni Mubarak, nas primeiras eleiçoes com mais de um candidato em 25 anos, que serao realizadas em setembro.

Segundo disse à EFE Rafaat Khaled, vice-presidente da organizaçao Ghad (Amanha), liderada por Nour, o deputado obteve a liberdade junto com seu companheiro de partido Ayman Barakat após pagar uma fiança de 1.400 dólares.

Nour, único dirigente de oposiçao que se apresentou para as eleiçoes presidenciais, foi detido em 29 de janeiro na saída do Parlamento egípcio e levado para a prisao de Tora, no sul do Cairo.

Já na prisao as autoridades lhe comunicaram que ele era acusado de falsificar documentos para legalizar seu partido.

Desde entao, seus familiares e correligionários vem multiplicando os protestos pedindo sua libertaçao, enquanto da prisao Nour reiterava por carta sua determinaçao de apresentar a candidatura à presidencia.

Segundo fontes diplomáticas, a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, pediu a libertaçao de Nour na última reuniao - bastante tensa - que teve com seu colega egípcio, Ahmed Abul Gheit, em meados de fevereiro, em Washington.

De acordo com as fontes, Rice também pediu a Abul Gheit que o regime egípcio acelere as reformas internas para a democratizaçao do país, tradicional aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio e o mais povoado do mundo árabe.

Após a reuniao, Hosni Mubarak anunciou de surpresa, em 26 de fevereiro, uma emenda legal para permitir que as eleiçoes presidenciais contem com mais de um candidato.

Desde que chegou ao poder em 1981 - após assassinato de seu antecessor Anuar al Sadat, cometido por islamitas - Mubarak, de 76 anos, renovou seu mandato quatro vezes, mas em todas como candidato único.

Segundo fontes do Partido Nacional Democrático (PND) - governista -, o líder egípcio estaria disposto a concorrer de novo nas eleiçoes de setembro, quando terá pela primeira vez ao menos um adversário, que tudo indica ser Nour.

Os outros líderes de oposiçao rejeitaram até agora a possibilidade de se apresentar como candidatos, alegando que a reforma anunciada nao garante que as eleiçoes sejam realizadas com as condiçoes suficientes de transparencia.

As duas principais forças opositoras, os Irmaos Muçulmanos e o Movimento para a Mudança, que aglutinam grupos nacionalistas, esquerdistas e islamitas, exigiram antes o levantamento do estado de emergencia, vigente desde a morte de Sadat.

Além disso, pediram que a reforma eleitoral seja feita pelo Conselho Constitucional, principal órgao de justiça, e nao pelo Shura (Senado) e pela Assembléia Popular (Parlamento), onde mais de 90% das cadeiras sao ocupadas pelo partido governista e que foi encarregado de referendar a emenda proposta pelo presidente.

Moderado, liberal e com discurso modernizador, Nour parece sero adversário que disputará a liderança do Egito com Mubarak, embora suas chances de vitória pareçam pequenas.

Além de seu total controle da administraçao pública, o partido do presidente mantém absoluta hegemonia sobre a vida política local, onde há meses corre já a versao de que Ayman Nour é apenas "uma marionete" dos Estados Unidos.





Fonte: EFE

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