Fernanda cuidou do filho de Eliza enquanto ela estava em cativeiro. (Foto: Luiz Costa/Hoje em Dia/Futura Press)
Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes, segue nesta segunda-feira para um retiro espiritual. Condenada a cinco anos de prisão, Fernanda aguardará em liberdade o julgamento dos recursos. A advogada Carla Silene, que defendeu Fernanda no júri, disse que ela já viajou de Minas para o Rio de Janeiro e deve ficar uma semana fora. A defensora declarou que a cliente está tranquila e que já esperava pela condenação. "Ela é católica e vai ficar cerca de uma semana ou mais, não sei exatamente o período, em um templo em Santa Cruz, no Rio. Dentro do contexto que se apresentou, ela já esperava esse resultado." As informações são do jornal O Globo.
Carla não soube esclarecer como será cumprida a pena de Fernanda e disse que vai entrar hoje com recurso. "Ficou essa dúvida no ar, a juíza Marixa Fabiane não nos esclareceu esse ponto. Ela não permitiu minha permanência na sala secreta para saber como foi feita a dosimetria da pena. O que posso garantir é que ainda não há cumprimento da sentença. Ela não volta para a cadeia. Já tenho um recurso da sentença , que está no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e será levado para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal." Condenado a 15 anos, Macarrão deverá ocupar uma cela separada no Presídio Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por tempo indeterminado. A medida foi tomada para ele não correr o risco de sofrer represálias por ter acusado Bruno de ter sido o mandante da morte de Eliza. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que vai pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário do ex-jogador na época em que era pago pelo Flamengo. O objetivo é rastrear o dinheiro que teria sido usado para bancar o assassinato de Eliza. Segundo o MP, Bruno pagou R$ 5 mil em dinheiro ao ex-policial aposentado Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para executá-la e desaparecer com o corpo.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.
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