Prefeitura do Rio aplica verba da saúde no mercado financeiro

Rio de Janeiro - Auditoria do Ministério da Saúde (MS) descobriu que a Prefeitura do Rio mantinha numa aplicação financeira R$ 30 milhões do Fundo Municipal de Saúde, que reúne verbas federais e recursos próprios do município. A informação foi dada hoje pelo secretário de Atenção à Saúde do ministério, Jorge Solla, que esteve em dois dos seis hospitais sob intervenção federal.

"A prefeitura tem recursos em caixa. Não foi por falta de recursos financeiros que a prefeitura deixou de pagar fornecedores. Temos relatórios que mostram aplicações financeiras superiores a R$ 30 milhões", afirmou Solla. Para reabrir a emergência do Hospital Cardoso Fontes, por exemplo, foram necessários cerca de R$ 300 mil em equipamentos.

Segundo Solla, a prefeitura rompeu 90% dos contratos com fornecedores, prestadores de serviços, e empresas de manutenção. "O Ministério da Saúde vai sub-rogar (assumir) todos os contratos que foram rompidos por falta de pagamento. A prefeitura não vinha honrando esses contratos há meses", disse Solla.

O prefeito Cesar Maia disse que o dinheiro aplicado é para fazer capital de giro e garantir pagamentos empenhados anteriormente. "Recursos públicos não se aplicam por emergência sempre. Exigem empenho, licitação. E para que se possa ter uma gestão financeira de qualidade, há que se ter garantia de recursos contínuos. Para isso se deve trabalhar com capital de giro em caixa que corresponde ao tempo de liquidação e pagamento, em geral de um mês a dois meses. Essas coisas ele não entende", justificou o prefeito.

Maia negou que 90% dos contratos foram rompidos. "Ele não sabe o que diz. Confunde fluxo com estoque. Há uma dívida que rola e cresce desde 1998. Um dia ele vai aprender a fazer contas".

Solla informou que os primeiros levantamentos do comitê gestor de crise dão conta de que, nos seis hospitais sob intervenção, 80% das salas cirúrgicas estão fechadas e 70% dos leitos desativados.