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Internacional
Sábado - 12 de Março de 2005 às 15:18

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Dois anos após a onda de repressao que levou à prisao de 75 dissidentes em 2003, a oposiçao cubana continua pedindo a libertaçao dos detidos e o reconhecimento do direito de discordar.

As esposas dos dissidentes presos, conhecidas como "damas de branco" porque escolheram a cor para reivindicar a liberdade de seus maridos, preparam vigílias e reunioes entre os próximos dias 18 e 20, quando os julgamentos sumários dos opositores completam dois anos.

Neles, 75 dissidentes foram condenados a penas de até 28 anos de prisao, acusados de conspirar com os EUA, atentar contra a independencia do Estado e os princípios da revoluçao.

A repressao aos dissidentes provocou duras críticas internacionais e o endurecimento da política da Uniao Européia com a ilha, o que provocou uma crise bilateral sem precedentes e que foi oficialmente encerrada em janeiro deste ano.

Passados dois anos das condenaçoes, o regime comunista de Havana libertou 14 dissidentes por motivos de saúde, entre eles o escritor e jornalista Raúl Rivero, o economista Oscar Espinosa Chepe e Marta Beatriz Roque, a única mulher do grupo.

A Comissao Cubana de Direitos Humanos e Reconciliaçao Nacional afirma que cerca de vinte opositores presos tem sérios problemas de saúde.

As esposas de muitos deles tem um papel ativo na reivindicaçao de seus direitos e continuam pressionando o governo para que liberte outros dissidentes.

Gisela Delgado, esposa de Héctor Palacios - condenado a 25 anos de prisao -, nao perde a esperança na libertaçao de seu marido depois de dois anos "de angústia e dor imensa".

Laura Pollán, mulher de Héctor Maseda - condenado a 20 anos -, também acredita em novas libertaçoes, mas acha que o processo será lento.

"Nao sou política, mas sempre pensei que homens inocentes nao podem ficar mais de 2 anos presos", afirmou Laura, aconselhando as esposas dos dissidentes a "nao se deixarem vencer pelo abatimento".

Meses após sair da prisao, Oscar Espinosa - condenado a 20 anos -, nao ve uma atitude do governo para "consertar os tremendos erros desta posiçao intransigente e inqualificável".

"E preciso buscar uma soluçao nacional, a reconciliaçao entre todos os cubanos", disse Espinosa, que se declarou "pessimista" quanto ao futuro a curto prazo, mas nao descartou outras libertaçoes.

"Vejo um fortalecimento das posiçoes de intransigencia do governo cubano no campo economico, a centralizaçao ainda maior e nenhum passo para a democratizaçao", acrescentou.

Para Vladimiro Roca, do Movimento Todos Unidos, a única mudança nestes dois anos foi o fato de a oposiçao estar novamente ativa contra o "imobilismo" do governo e a centralizaçao.

"A oposiçao avança e o governo retrocede", disse Roca, que nao acredita em avanços na situaçao dos presos.

Segundo Roca, a pressao internacional e o reatamento dos contatos com a UE nao contribuirao para novas libertaçoes.

"Eu, que conheço o governo, digo que foi devido às pressoes das 'damas de branco' que os dissidentes foram libertados, o que o governo nao vai reconhecer pois deu a entender que devido à gestao da UE", afirmou.

Para Marta Beatriz Roque, os condenados sao "bodes expiatórios do ódio da direçao do país em relaçao ao governo dos Estados Unidos.

Nós estamos lutando por nossa pátria e nao pela anexaçao de nosso país".

A libertaçao dos presos políticos "está nas maos de um só homem, que passa cinco horas promovendo panelas de pressao na televisao", disse, em referencia a um recente discurso de Fidel Castro no qual prometeu milhoes de panelas para as cozinhas cubanas.

O governo de Castro nao reconhece a dissidencia interna, a qual se refere como pequenos grupos ou "mercenários" pagos pelos Estados Unidos.





Fonte: EFE

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