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Internacional
Sábado - 12 de Março de 2005 às 05:56

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La Paz - O volume e a intensidade dos protestos na Bolívia começavam a perder força nesta sexta-feira, enquanto líderes sindicais e políticos mantinham intensas negociações para evitar a volta das manifestações generalizadas, que paralisou o país na semana passada e levou o presidente Carlos Mesa a apresentar sua renúncia - rejeitada pelo Congresso após o anúncio de um pacto de governabilidade. Membros do governo boliviano temem uma nova fase de radicalização após o fracasso do diálogo, na véspera, entre Mesa e o líder opositor Evo Morales sobre uma polêmica lei de impostos sobre a venda de gás e petróleo.

O chefe da Defensoria do Povo, Waldo Albarracín, e o presidente da Assembléia de Direitos Humanos, Sacha Llorenty, tentavam restabelecer o diálogo entre Mesa e Morales. Uma nova reunião entre os dois - com características de um encontro de cúpula político -social, da qual participariam também representantes de outras entidades de trabalhadores e indígenas - pode ser marcada para segunda ou terça-feira.

Morales insiste no aumento de 18% para 50% na cobrança dos royalties que o governo boliviano cobra das empresas estrangeiras - incluindo a brasileira Petrobras - pela exploração do gás e do petróleo do país. Mesa sustenta que o aumento da tributação afugentaria o investimento estrangeiro e tornaria inviável o comércio petrolífero. Como solução alternativa, propôs a criação de um imposto complementar sobre hidrocarbonetos de 32% - uma alíquota sujeita a descontos e compensações que a reduziriam significativamente. Morales não aceita a proposta.

Após o fracasso do diálogo entre Mesa e Morales, os líderes sindicais prometeram intensificar as medidas de pressão contra o governo para forçar a aprovação da nova lei de hidrocarbonetos. Contudo, segundo o relatório diário do Serviço Nacional de Transporte, as saídas da cidade de El Alto em direção ao Peru e ao Chile estavam hoje com o acesso liberado, assim como a estrada que liga La Paz a Oruro.

Também nesta sexta, a imprensa informou que a Federação das Associações de Moradores de El Alto está se aproximando de um acordo com as autoridades municipais para expulsar do país uma companhia de saneamento francesa. Um aumento da tarifa de água cobrada pela concessionária causou a ira da população local, que se manifestou bloqueando a ligação entre a cidade, onde fica o aeroporto, e a vizinha La Paz. A saída da companhia francesa, porém, deve se dar de forma gradual, e não imediatamente como pretendiam os manifestantes.

Em Yapacaní, na região de Santa Cruz, os camponeses que mantinham a principal estrada do país fechada havia 11 dias suspenderam seus protestos e permitiram a passagem de cerca de mil automóveis que estavam parados no local. A passagem de caminhões e ônibus ainda é impossível em 20 pontos da estrada principal no trecho que corta os vales centrais de Cochabamba e faz parte de um dos corredores interoceânicos.




Fonte: AE - AP

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