Patrulha que atacou Sgrena protegia Negroponte

A patrulha americana que na sexta-feira disparou contra o veículo de Giuliana Sgrena tinha recebido a ordem de proteger o embaixador dos EUA em Bagdá, John Negroponte, informaram nesta quinta-feira meios de comunicação italianos, que citam fontes da delegação diplomática americana no Iraque.

Segundo o porta-voz da embaixada, Robert Callahan, o "controle móvel" que atacou por erro o carro dos italianos tinha se instalado "com a missão de colaborar com o dispositivo de segurança do embaixador Negroponte".

A televisão americana CNN tinha adiantado esta informação na terça-feira sem ter recebido uma confirmação oficial por parte de Washington.

O embaixador Negroponte, de 65 anos, foi designado em fevereiro como o primeiro diretor nacional de Inteligência dos Estados Unidos, embora ainda não tenha tomado posse do cargo.

O tiroteio contra o veículo no qual viajavam Giuliana Sgrena, recém-liberada depois de um mês de seqüestro, e dois agentes secretos italianos acabou com a vida de um deles, Nicola Calipari, e feriu a jornalista e o outro policial.

Depois de ser trasladada à Itália, a correspondente de Il Manifesto afirmou que a dinâmica do sucedido era similar à de uma emboscada, o que suscitou uma polêmica sobre se ela poderia ter sido alvo dos soldados americanos.

No entanto, tanto Washington como Roma concordaram em que o acontecido foi um caso de "fogo amigo" e abriram uma investigação conjunta para esclarecer os detalhes.

A Procuradoria de Roma, que abriu um sumário paralelo à investigação bilateral, interrogou novamente Sgrena -que permanece em um hospital militar da capital italiana- para esclarecer hoje alguns pontos do sucedido.

Ante os procuradores, a jornalista confirmou que o tiroteio foi injustificado e repentino, assinalou que não tem nenhuma notícia sobre o pagamento de um resgate e reiterou que no carro só viajavam os dois agentes italianos e ela.

A princípio, o governo italiano falou da presença de uma quarta pessoa no veículo, mas posteriormente desmentiu essa informação e disse que um terceiro agente secreto estava no aeroporto de Bagdá à espera de seus companheiros.