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Educação/Vestibular
Sábado - 24 de Novembro de 2012 às 16:10
Por: Vanessa Fajardo

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Divulgação
Colégio Vértice, de São Paulo, tem a maior nota sócioeconômica entre as dez escolas com maior média no Enem 2011
Colégio Vértice, de São Paulo, tem a maior nota sócioeconômica entre as dez escolas com maior média no Enem 2011

As escolas com melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) possuem alunos com nível socioeconômico alto. A constatação é de um estudo feito pelo professor Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O Objetivo Colégio Integrado, de São Paulo, que teve a maior média do Enem 2011 no país tem nível socioeconômico considerado "mais alto", segundo o levantamento. Esta não é uma situação isolada. As donas das 50 melhores notas também estão bem avaliadas no quesito econômico - todas recebem classificação entre "alto" e "mais alto."

Para chegar à nota e ao conceito que definem o nível socioeconômico, o professor Soares utilizou dados dos questionários que os alunos preencheram na inscrição da Prova Brasil nos anos de 2005, 2007 e 2009 e do Enem em 2007, 2008 e 2009. Informações como volume de bens da família como rádio, TV, geladeira, computador e automóvel, grau de importância do emprego e escolaridade dos pais, presença de empregada doméstica, entre outros, ajudaram na composição do item. Segundo o estudo, a escola do país com maior nota de nível socioeconômico é a britânica St. Paul"s School, de São Paulo, com nota 9,08. Já o Colégio Vértice, de São Paulo, tem a maior nota sócioeconômica entre as dez escolas com maior média no Enem 2011, com 8,57 pontos.

O resultado final foi computado a partir de 18 variáveis avaliadas por um modelo de Teoria de Resposta ao Item (TRI), que adota uma fórmula matemática. Foram consideradas apenas as escolas onde pelo menos 15 alunos fizeram as avaliações utilizadas no período do estudo. O levantamento traz informações de 69.906 escolas, 85% delas em área urbana.
 

Veja o nível socioeconômico das 10 escolas com as melhores notas do Enem
Município Escola Rede Nota Enem Nota do nível socioeconômico Conceito socioeconômico
São Paulo (SP)
 
Colégio Objetivo Integrado Particular 737,15 8,16
 
Mais alto
Ipatinga (MG) Colégio Elite Vale do Aço Particular 718,88
 
6,31
 
Alto
Belo Horizonte (MG)
 
Colégio Bernoulli - Unidade Lourdes Particular 718,18
 
7,91
 
Mais alto
São Paulo (SP) Colégio Vértice - unidade II Particular 714,99
 
8,57
 
Mais alto
Fortaleza (CE) Ari de Sá Cavalcanti Particular 710,54 7,53
 
Mais alto
Teresina (PI) Instituto Dom Barreto Particular 707,07
 
8,06
 
Mais alto
Mogi das Cruzes (SP) Colégio Objetivo Integrado de Mogi das Cruzes Particular 706,12
 
7,94
 
Mais alto
Viçosa (MG) Colégio de Aplicação da UFV - Coluni Federal 704,28
 
6,96
 
Alto
Belo Horizonte (MG) Colégio Santo Antônio Particular 702,31
 
* *
Rio de Janeiro (RJ) Colégio São Bento Particular 702,16
 
8,34
 
Mais alto
Veja o nível socioeconômico das 10 escolas com as piores notas do Enem
São Domingos do Azeitão (MG) CE Aquiles Lisboa Estadual 383,71
 
4,28
 
Médio-baixo
Francisco Ayres (PI) João Pereira de Souza Estadual 391,39
 
3,93
 
Baixo
Olinda Nova (MA) José Maria de Araújo - Anexo I
 
Estadual
 
393,52 3,16
 
Mais baixo
Taquarituba (SP) Prof. Dimas Mozart e Silva Estadual 394,48 4,52
 
Médio-baixo
Centro Novo (MA) Maria do Socorro A. Ribeiro Anexo III Estadual 394,55
 
* *
Buriti Bravo (MA) Profª Leda Tajra - Anexo Juçara Estadual 396,54
 
* *
Aguiar (PB) EF CNNM Lidia Cabral de Sousa Municipal 396,69 * *
Serra (ES) Getúlio Pimentel Pinheiro Estadual 396,81
 
4,68
 
Médio-baixo
Além Paraíba (MG) Dr. Alfredo Castello Branco Estadual 396,97
 
4,64
 
Médio-baixo
Benedito Leite (MA) C.E. Lucas Coelho Estadual 397,20
 
3,97
 
Baixo
(*) não havia informação suficiente para fazer o cálculo
Fonte: Inep/ Francisco Soares (UFMG)


A outra ponta do ranking revela que as escolas com pior desempenho no Enem têm também níveis socioeconômicos de "mais baixo" e "médio-baixo." A classificação ruim se mantém entre as 50 escolas com notas baixas.

“A nossa sociedade é desigual, e a escola simplesmente reproduz isso. O pobre também tem de aprender, o sistema não pode falar: ‘Meu aluno é pobre e não tenho o que fazer.’ Não dá para puxar a miséria a seu favor”, diz Soares.

Para o professor, o outro extremo da situação também precisa ser questionado. “A escola que está em primeiro lugar seleciona cognitiva e socioeconomicamente seus alunos. O mérito é dos alunos que estão na escola. Estes dois extremos não são educacionais.”

Realidade
A relação da condição socioeconômica e o aprendizado dos estudantes é escancarada todos os anos com a divulgação de notas do Enem por escola. As notas mais altas é sempre dos colégios de elite das capitais, que possuem mensalidades altas e admitem somente alunos de excelência, por meio de vestibulinhos. Neste ano, das 100 melhores escolas do Enem, apenas dez são públicas, sendo que estas estão ligadas a universidades, o que aumenta a qualidade do ensino.

“O resultado não me surpreende na tendência [de quanto melhor a situação socioeconômica, melhor o desempenho escolar]. A correlação é fortíssima. Não precisa de prova do Enem para saber quem será o primeiro. [O atual ministro do STF] Joaquim Barbosa é a exceção das exceções. Temos de melhorar o que oferecemos para o jovem.”






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