Desmembrado processo do caso Dorothy para agilizar julgamento

Altamira - Diante de um clima de desconfiança e das críticas de morosidade e parcialidade, a Justiça do Pará decidiu não esperar a polícia cumprir a promessa de prender "o mais rápido possível" o suposto mandante da morte da missionária Dorothy Stang para iniciar o julgamento dos três presos acusados de participar do crime.

O juiz de Pacajá, Lucas do Carmo de Jesus, desmembrou o processo e julgará separadamente o fazendeiro Vitalmiro Matos de Moura, o Bida, ainda foragido, do capataz Amair Feijoli da Cunha, o Tato, suposto intermediário, e dos executores confessos Rayfran Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Batista, o Eduardo, detidos num presídio da região metropolitana de Belém.

Com o desmembramento do caso na Justiça Estadual, o processo de Bida permanecerá congelado até uma eventual prisão do acusado. Já o processo contra os outros três supostos assassinos terá prosseguimento sem a exigência de aguardar os prazos estabelecidos pela Justiça para que o suspeito de ser o mandante da morte da missionária se apresente.

O desmembramento do caso estabelece ainda a suspensão do prazo de prescrição do processo contra o fazendeiro - 20 anos a partir do momento em que ele for localizado. Ao acatar denúncia contra os quatro acusados por homicídio duplamente qualificado, a Justiça aceitou as teses apresentadas pelo Ministério Público de impossibilidade de defesa da vítima e promessa de recompensa.

O promotor público Lauro Francisco da Silva Júnior, que apresentou a denúncia, estima que Tato, Rayfran e Clodoaldo podem ir a júri popular, na comarca de Pacajá, no final deste semestre ou início do segundo semestre. Agora, o juiz vai interrogar os três acusados que estão no Presídio de Americano, a 70 quilômetros de Belém, ouvir testemunhas e, no caso de Bida, publicar um edital, determinando a convocação dele. Os quatro acusados poderão ser condenados a penas de 12 a 30 anos de prisão.