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Educação/Vestibular
Quarta - 09 de Março de 2005 às 10:14

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A inscrição de pelo menos 5.512 candidatos ao primeiro concurso para o cursinho pré-vestibular comunitário, ocorrida em Cuiabá, foi o pontapé inicial da materialização de um projeto de cerca de cinco anos e que vem sendo sistematicamente vetado pelo Governo do Estado, na Assembléia Legislativa.

Por conta desse concurso, 700 alunos iniciarão suas aulas no próximo dia 14 (quinta-feira) em três localidades da Capital – na Paróquia Santa Rita (centro), no Coxipó (Regional Sul) e no CPA-I –, sob a coordenação da Secretaria de Educação cuiabana. Outros cerca de 400 novos alunos entrarão no mesmo processo a partir do segundo semestre.

O modelo – adotado pessoalmente há cinco anos pelo deputado Eliene (PSB), inclusive com recursos próprios – foi apresentado como Programa Educacional, segundo o parlamentar, em algumas ocasiões na Assembléia e sempre vetado. “Há cinco ou seis anos, venho travando uma batalha política desgastante para alcançar esse objetivo e beneficiar o segmento mais carente da nossa sociedade. Agora, através de um acordo, a Prefeitura de Cuiabá materializa oficialmente esse projeto e já temos outros municípios interessados. É o início de uma nova fase na educação em Mato Grosso”, comemorou Eliene.

Para o diretor técnico-científico da Fundação Educacional de Cuiabá (Funec), professor Sérgio Cintra, a educação é responsabilidade do Poder Público, quer seja das prefeituras, dos governos estaduais ou do governo federal, respeitados seus níveis. Ele confirmou: “Há anos, o deputado Eliene assumiu para si essa incumbência e, agora, o prefeito Wilson Santos adota em Cuiabá”.

Segundo Cintra, a importância do projeto assinado por Eliene e pelo Deputado José Riva (PTB) foi medida pelo alcance social. “Mesmo sem alardes e só com a tradicional cobertura jornalística realizada através da imprensa, o primeiro concurso para o curso pré-vestibular comunitário reuniu 5.512 inscrições”, disse.

Além dos pré-requisitos necessários para a inscrição em um curso desse nível, os critérios de avaliação exigidos reuniram os candidatos com menor renda familiar e com família mais numerosa; e com mais idade entre os concorrentes em igualdade de condições. A origem educacional – se escola pública ou particular – também teve papel importante na escolha. Esse perfil se assemelhou entre a maioria dos inicialmente inscritos. “É interessante que esse projeto venha a ser copiado no interior do Estado.

Várias prefeituras estão demonstrando interesse em aplica-lo em seus municípios”, completou o diretor da Funec.

Apesar dessa procura independente, o deputado Eliene confirmou seu propósito de continuar buscando a legalização do projeto em âmbito estadual.

O Programa Educacional Pré-Vestibular Comunitário oferece a alunos da rede pública de ensino a chance de freqüentar curso pré-vestibular, ter acesso a uma faculdade e reverter – pelo menos em Mato Grosso – um quadro preocupante. Recente estudo realizado pelo Ministério da Educação revelou que, nos moldes atuais, a universidade brasileira é uma aspiração restrita a certos setores da sociedade.

“Quando um jovem opta pela situação de estudante universitário não faz uma opção intelectual, mas concretamente social: ele esta preservando posições já conquistadas ou aspirando a uma ascensão social”, diz parte do relatório elaborado por técnicos.

“O trabalho do Ministério da Educação nos leva à triste conclusão que a universidade ainda está voltada em favor de determinadas classes sociais ao invés de toda a sociedade e de seu desenvolvimento global”, afirmaram no documento Riva e Eliene.

Em levantamento próprio realizado entre alunos do terceiro ano do ensino médio, da escola pública mato-grossense, os parlamentares verificaram que pouco menos de 20% deles pensavam em fazer um curso superior. Pior: os demais sentem mais a necessidade de trabalhar do que continuar os estudos.

Outro estudo – desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) – agrava ainda mais esse panorama. Ele mostra que oito entre cada 10 pessoas com um ano de estudo se encontram na mais absoluta pobreza. Entre os grupos de 10 pessoas que possuem quatro anos de estudos, pelo menos seis vivem na faixa da pobreza. De cada 10 pessoas com 12 anos de estudos – o equivalente ao ensino médio – quatro estão nesse mesmo nível. E, dos que têm mais de 12 anos de estudos, pelo menos dois são pobres.

O projeto estabelece que, para se inscrever, o interessado deve estar matriculado no terceiro ano do ensino médio público ou comprovar a conclusão desse nível; e estar ciente de pagamento de pequena contribuição mensal – a ser definida no ato regulamentado – para complementação salarial ou contratação de professores.

A organização e gestão do programa ficarão a cargo da Secretaria de Estado de Educação. A secretaria vai utilizar os professores da rede estadual de Ensino e das parcerias ou convênios com instituições de ensino superior. O aluno beneficiário do programa deverá comprovar freqüência assídua e não ter reprovação em qualquer disciplina.





Fonte: 24 Horas News

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