Brasil é elogiado em relatório dos Estados Unidos sobre drogas
Apesar dos elogios, o secretário assistente do Escritório de Internacional de Narcóticos do Departamento de Estado, Robert Charles, disse que o Brasil “ainda tem espaço para melhorar” na atuação do país contras as drogas.
O principal ato do Brasil no combate às drogas no ano passado, na avaliação do governo americano, foi a entrada em vigor da Lei do Abate, que permite à Força Aérea Brasileira derrubar aviões suspeitos de transportarem drogas no espaço aéreo brasileiro.
O relatório também destaca que o governo brasileiro adotou no ano passado uma nova legislação para combater a lavagem de dinheiro, mas alerta para a região da Tríplica Fronteira, na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina. “O Brasil insiste que não há provas de que há financiamento ao terrorismo na área. Mas os Estados Unidos continuam preocupados com a Tríplica Fronteira”, afirma o relatório. O documento também recomenda que o governo brasileiro crie uma lei específica para criminalizar o financiamento de terrorismo, e diz que o país deveria continuar a lutar contra a corrupção e garantir o cumprimento das leis já existentes para combater a lavagem de dinheiro.
Apesar de não figurar entre os grandes produtores, o Brasil é citado como um dos principais países de trânsito para as drogas produzidas na Colômbia, Peru e Bolívia para os Estados Unidos e, numa escala menor, para a Europa.
O principal desafio do Brasil, diz o relatório, é garantir a segurança na fronteira com o aumento das operações de apreensão de mercadorias contrabandeadas dos países vizinhos.
A Operação Seis Fronteiras – em conjunto com os governos da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela – é citada como um programa importante para garantir a segurança da fronteira.
De um modo geral, o relatório mostra uma redução na produção de drogas no mundo, especialmente na Colômbia. “Trabalhando junto com nossos aliados, reduzimos de forma significativa o tamanho das plantações de drogas ilegais no hemisfério ocidental, fizemos operações bem sucedidas de apreensões de drogas a caminho dos Estados Unidos e enfraquecemos grandes organizações de tráfico”, afirma o documento.
Os números do cultivo de coca na Colômbia no ano passado ainda não estão disponíveis, mas Charles diz que a área plantada continua a diminuir. Nos dois anos anteriores, a área plantada caiu 30% na Colômbia e 20% em toda a região andina.
Segundo o secretário americano, ao contrário do que ocorreu em outras épocas, quando a repressão à plantação em um país levava à realocação em outro, isto não está acontecendo desta vez, já que a área plantada está caindo também em outros países sul-americanos, como Bolívia e Peru.
Apesar do tom geral de otimismo, o relatório mostra uma piora na situação do Afeganistão, onde a produção de papoula, utilizada para a produção de heroína, triplicou no ano passado em relação ao ano anterior. “Com os narcóticos respondendo por 40% a 60% do PIB, de acordo com o FMI, o Afeganistão está à beira de se tornar um narco-Estado”, afirma o relatório.
Charles disse que os Estados Unidos estão trabalhando em projetos em conjunto com o governo afegão para a criação de alternativas econômicas para substituir o cultivo da papoula.
O relatório também diz que o presidente Hamid Karzai se posicionou contra o tráfico de drogas no país e que o governo afegão, “apesar dos muitos obstáculos”, tomou várias medidas para combater a produção de drogas no país.
Comentários