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Internacional
Sábado - 05 de Março de 2005 às 20:37

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Damasco - O presidente Bashar Assad, respondendo a semanas de intensa pressão, anunciou neste sábado que a Síria irá deslocar suas tropas no Líbano para a fronteira entre os dois países, no que seria o começo de uma retirada em duas etapas que, segundo ele, deveria satisfazer exigências internacionais de uma completa retirada. "Nosso caminho é uma retirada gradual e organizada", disse ele ao Parlamento, acrescentando que a Síria tem "um interesse" em retirar-se do Líbano.

"Iremos retirar nossas forças estacionadas no Líbano inteiramente para o Vale do Bekaa (no leste) e mais tarde para áreas da fronteira libanês-síria", anunciou, sendo aplaudido pelos parlamentares e por milhares de partidários ouvindo o discurso no lado de fora do Parlamento. Não ficou claro se Assad quis dizer que iria manter algumas tropas dentro do Líbano, e líderes da oposição libanesa já haviam adiantado que tal proposta não atenderia suas expectativas. Ele afirmou ter acertado com o presidente libanês, Emile Lahoud, uma reunião esta semana para aprovar a retirada.

Antes do discurso de Assad, no Líbano, unidades de comandos do Exército libanês apoiadas por tanques ficaram, por um breve período, nas proximidades do quartel dos serviços secretos sírios em Beirute, informaram várias testemunhas. Dezenas de soldados e pelo menos cinco blindados de transporte de tropas tomaram posição perto do edifício, no bairro de Ramlat al-Baida, na capital libanesa. Outras testemunhas relataram que soldados sírios, armados de metralhadoras, tomaram posição na sentinela de várias instalações militares em Beirute.

Autoridades libanesas e sírias não fizeram nenhum comentário sobre a movimentação dos soldados, enquanto emissoras de rádio e TV árabes disseram que a manobra militar poderia atender ao interesse do governo libanês de evitar um vazio de poder no caso de uma retirada síria. "Esta movimentação é um prelúdio da tomada, pelo Exército libanês, das posições que serão abandonadas pela retirada síria", disse um oficial das Forças Armadas libanesas que pediu para não ter o nome divulgado.

"Ao promover essas medidas, a Síria terá atendido as exigências do Acordo de Taif e implementado a Resolução 1559 da ONU", julgou Assad. O Acordo de Taif, mediado pelos árabes em 1989, pede à Síria para deslocar suas tropas para a fronteira libanesa e para os dois países, então, negociarem a retirada. A resolução da ONU, proposta pelos EUA e França em setembro, pede à Síria para retirar suas forças, parar de influenciar a política libanesa e permitir a realização de eleições presidenciais como programadas no Líbano.

Estados Unidos - O presidente dos EUA, George W. Bush, tem dito que não aceitará "meias medidas". Numa discurso gravado antes do anúncio, George W. Bush, em seu programa semanal de rádio, insistia que "a Síria é uma potência ocupante no Líbano há quase 30 anos e o apoio dos sírios ao terrorismo ainda é um obstáculo importante para a paz no Grande Oriente Médio". "No curto tempo que se passou desde que regressei da viagem para a Europa, o mundo assistiu a momentos memoráveis no Oriente Médio", prosseguiu "Hoje, EUA e França estão unidos ao lado dos libaneses, que assistiram ao desenvolvimento das eleições livres no Iraque e agora exigem o direito de também decidir livremente seu próprio destino.





Fonte: AE - AP

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