Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 05 de Março de 2005 às 20:00

    Imprimir


O ex-presidente da Ucrânia Leonid Kuchma, acusado por seus rivais pelo assassinato de um jornalista investigativo, retornou ao país hoje, após um ex-ministro do Interior ligado ao caso ter se suicidado.

Os rivais de Kuchma o acusam pela morte de Georgiy Gongadze, em 2000, mas nenhuma prova conclusiva foi encontrada e Kuchma alega inocência. O novo presidente, Viktor Yushchenko, disse nesta semana, antes do suicídio do ex-ministro, que o caso de Gongadze havia sido solucionado.

Ele acusou a administração de Kuchma de tentar encobrir os responsáveis e disse que encerrar a investigação era uma questão de honra pessoal.

Funcionários do governo disseram que o ex-ministro do Interior Yuri Kravchenko disparou dois tiros em si mesmo na sexta-feira e deixou um bilhete descrevendo-se como "uma vítima das intrigas de Kuchma e de seu entorno".

Kuchma se negou a falar com jornalistas após sua chegada ao aeroporto de Kiev, ao chegar de suas férias na República Tcheca. "Eu disse tudo o que tinha a dizer ontem," afirmou antes de deixar o local.

Ele disse na sexta-feira, no resort tcheco de Karlovy Vary: "Diante de Deus, diante do povo, eu tenho uma consciência limpa."

O chefe da SBU, o serviço ucraniano de inteligência, Oleksander Turchinov, disse que Kravchenko não conseguiu se matar com o tiro inicial e então disparou uma segunda vez contra a têmpora. O bilhete manuscrito encontrado com a vítima, segundo ele, confirma a teoria de suicídio.

O assassinato de Gongadze, 31, se tornou um ponto de inflexão no período de dez anos em que o ex-presidente esteve no cargo, mas não há nenhuma indicação até agora de que ele tenha sido convocado para prestar depoimento.

Provas Kuchma foi ligado ao assassinato por um ex-guarda-costas que fugiu da Ucrânia com fitas gravadas secretamente em seu escritório. Em um trecho, uma voz similar à de Kuchma pode ser ouvida dando uma ordem para "lidar com" Gongadze, crítico de Kuchma e alto empresário.

Kravchenko, ministro do Interior na época do crime, iria prestar depoimento aos promotores poucas horas após o seu corpo ter sido encontrado em sua casa de campo nos arredores de Kiev.

Um membro da equipe de Yushchenko sugeriu que Kuchma devia esclarecer as incertezas sobre a morte de Kravchenko, e sobre o aparente suicídio em dezembro de um outro ex-ministro de seu gabinete, Heorhiy Kyrpa.

"Quando escutei que ele estava voltando para casa, concluí que era uma coisa absolutamente normal a fazer", disse à TV local o secretário de Estado Oleksander Zinchenko.

"Mas é claro que esta não é a ocasião mais alegre para ele. Kravchenko e Kyrpa eram próximos a ele e ele tinha muito contato com ambos. Creio que ele agora vai ser forçado a lembrar de muitas circunstâncias difíceis".





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/354731/visualizar/