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Polícia Brasil
Sábado - 05 de Março de 2005 às 16:41
Por: ALINE CHAGAS

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Um terço (31,81%) das adolescentes infratoras que passam pelo Centro Sócio-Educativo (antiga fazendinha) reincidem no crime. Das 44 meninas, 14 já tinham internações anteriores. Entre os meninos, a reincidência gira em torno de 20.51%. O número é maior entre os 406 adolescentes que passaram pela internação provisória, onde 24,87% eram reincidentes.

Os números fazem parte de estudo realizado pela superintendência do Centro Sócio-Educativo (antiga fazendinha), “no Relatório de Gestão 2004”, que traça um perfil completo dos meninos e meninas atendidos pela instituição.

O alto índice de reincidência de menores no crime não surpreende o promotor da Infância e Adolescência, Manoel Rezende. “Esses jovens saem e infelizmente se deparam com o mesmo ambiente de onde saíram, com as mesmas pessoas e são influenciados novamente. Muitos trabalhos tem sido feitos durante a internação para ajudar esses meninos, mas o problema aparece quando ele volta para a realidade em que vivia”, explicou o promotor.

Um dos ambientes a que o promotor se refere é a família, muitas vezes desestruturada. A influência que a estrutura familiar tem na educação e desenvolvimento das crianças é uma das realidades constatadas no relatório do Centro Sócio Educativo. A maioria dos internos da instituição só mora com um dos pais, ou apenas com irmãos. “Temos um número grande de meninos que moravam com pai e mãe. Mas sabe-se lá como essas famílias vivem”, disse a superintendente do Centro Sócio Educativo, Cíntia Nara Selhorst.

INFRAÇÃO - Na parte provisória da instituição, quase a metade dos meninos foram internados por roubo, 46,30%. A situação se repete na internação, com 45,97%. Outras duas infrações que aparecem entre as mais cometidas pelos meninos são furto e homicídio, mas com percentuais bem distantes, entre 9% e 15%. As internações por roubo também lideram entre as meninas, com 38,63%. No entanto, uma infração se destaca em segundo lugar, totalizando 20,45%: Tráfico de Substância Entorpecente.

“Fui preso 12 vezes por roubo. Sempre que conseguia liberdade voltava para casa e para perto dos meus amigos. Acabava sempre preso de novo. Recebia ajuda para reintegrar à sociedade enquanto estava preso, mas quando eu saía, ficava sozinho e voltava a roubar. Até tentei mudar de cidade para ver se melhorava, mas acabei me envolvendo com gente errada aqui em Cuiabá também. Finalmente consegui sair novamente e pretendo não errar mais”, contou D.B.M.F., de 19 anos, que está em liberdade supervisionada há poucos meses.

Outra informação que os profissionais da instituição desconfiavam e acabou por ser confirmada é que a maioria dos jovens que passam por lá são de Cuiabá: meninos, 71,43% na internação provisória e 53,02% na internação e meninas, 65,09%. Desses, a maior parte vem de bairros periféricos e incluídos entre os mais violentos da Capital, como Pedra 90, Pedregal, Novo Milênio, Planalto, Dom Aquino, Santa Izabel, São João Del Rey, Osmar Cabral, entre outros. Várzea Grande está em segundo lugar na lista das cidades de onde os internos provêm.

“Esse estudo nos ajudou a identificar o perfil desses meninos e meninos. É de extrema importância para as gestões municipais e até Estadual estar agindo em busca da prevenção. Agora sabemos quem eles são e de onde eles vem. As políticas de ressocialização não podem depender só de nós”, afirmou Cíntia.





Fonte: Diário de Cuiaba

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