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Internacional
Sábado - 05 de Março de 2005 às 12:00

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O veterano Jaime Gama, que dirigiu por vários períodos a política externa portuguesa, aparece neste sábado como novo presidente do Parlamento português, depois que seu líder de partido, José Sócrates, revelou quem serão seus ministros.

Apenas duas semanas após sua vitória nas urnas, Sócrates foi no final da tarde de sexta-feira ao Palácio de Belém para entregar ao presidente Jorge Sampaio a lista do novo governo, formado em partes iguais por independentes e militantes do Partido Socialista (PS). Todos tomarão posse na próxima semana.

Um veterano dos governos de Antônio Guterres, Antônio Costa deixará o Parlamento Europeu para ser o "número dois" do governo de Sócrates, como ministro de Estado e do Interior, de onde pode tutelar a reforma da administração pública.

Mas as grandes surpresas da lista de Sócrates foram a ausência do ex-comissário europeu Antônio Vitorino e a inclusão como ministro de Relações Exteriores de Diogo Freitas do Amaral, líder histórico da direita portuguesa, que pediu votos na campanha eleitoral para Sócrates.

Freitas do Amaral, que presidiu uma Assembléia Geral das Nações Unidas e fundou o conservador Centro Democrático Social (CDS), hoje afastado do mesmo, é considerado um europeísta convicto e foi um dos mais críticos na direita contra a intervenção anglo-americana no Iraque.

O décimo sétimo governo constitucional português terá 16 pastas e foi formado com a discrição que Sócrates queria, sem que vazasse qualquer nome, uma absoluta novidade para os meios políticos lusitanos.

Dois independentes serão responsáveis pelas questões financeiras de um governo que deve tomar medidas urgentes contra a recessão e o desânimo nacional: Luís Campos e Cunha, como titular de Finanças, e Manuel Pinho, da Economia.

Também são independentes, em um governo com três pastas a menos que o anterior, os ministros do Meio Ambiente, Francisco Nunes Correia; da Agricultura e Pesca, Jaime Silva; da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago; e as duas mulheres da equipe ministerial, Maria de Lurdes Rodrigues (Educação) e Isabel Pires de Lima (Cultura).

Além disso, como o próprio Sócrates, cinco componentes do novo Executivo já foram ministros de Antônio Guterres: Antônio Costa, Alberto Costa (Justiça), Antônio Correia de Campos (Saúde), Augusto Santos Silva (Assuntos Parlamentares) e Mariano Gago.

Outros três ministros, José Vieira da Silva (Trabalho), Luís Amado (Defesa) e Pedro Silva Pereira (presidência), foram secretários de Estado com Guterres.

Apenas três membros do governo, além de Sócrates, pertencem à executiva do PS: Luis Amado, Vieira da Silva e Pedro Silva Pereira, este o verdadeiro "braço direito" do novo primeiro-ministro, que terá Jorge Lacao, outro próximo colaborador de seu líder, como secretário de Estado.

As primeiras análises indicam que Sócrates buscou muitos dos nomes de seu governo nas equipes de Antônio Guterres, do lado de quem fez a maior parte de sua carreira política, e no fórum Novas Fronteiras, de cujas reflexões, coordenada pelo ausente Antônio Vitorino, nasceu o programa eleitoral do PS.

Tudo parece indicar que "pesos pesados" do PS, como Vitorino, Joaquim Pina Moura ou Jorge Coelho, coordenador da campanha de Sócrates, ficaram de fora por vontade própria, e que a "nova seiva", representada por José Lello, Ana Paula Vitorino, Carlos Lage e Idália Moniz estão se reservando para as eleições municipais de outono.

Ao sair do Palácio de Belém, de sua audiência com Sampaio, Sócrates disse ter escolhido "os mais competentes" para "servir a Portugal" e anunciou que o país terá "um governo forte, de pessoas capazes, cujo objetivo "é tornar possível a recuperação das instituições democráticas, ajudar nosso país e contribuir para a melhora da economia"·

Mas a lista de ministros não despertou o entusiasmo nem da esquerda, que a considera muito inclinada ao centro, nem da direita, que lamenta a ausência de "pesos pesados".

Em 20 de fevereiro passado, pela primeira vez na história do PS, Sócrates conquistou a maioria absoluta no Parlamento, onde suas 121 cadeiras (das 230 que o formam), garantem a estabilidade necessária para aplicar seu programa sem impedimentos.





Fonte: EFE

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