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Economia
Sexta - 04 de Março de 2005 às 20:10
Por: Raquel Teixeira

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A superação das diferenças econômicas e a integração nas relações comerciais intra-regionais entre os países do Cone Sul e, conseqüentemente, a busca por melhor valor e competitividade nos produtos somente será consolidada a partir do momento em que as transações comerciais deixarem de ser atreladas ao dólar. A avaliação é do ex-ministro Marcos Pratini de Moraes, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, que participou nesta sexta-feira (04.03) do Seminário Internacional de Infra-Estrutura Multimodal.

Em um painel onde foram discutidas as potencialidades para incremento do comércio entre os países andinos, Pratini defendeu que as relações somente serão plenamente fortalecidas quando forem retirados os simples entraves burocráticos e as transações da região passarem a ser realizadas em moedas locais. “O dólar não é uma moeda tão forte para o comércio intra-regional, como podemos analisar pelas quedas recentes que a moeda americana sofreu. Desta forma, a ampliação do mercado passa por questões como buscar o fortalecimento das moedas para facilitar o comércio, que é um dos desafios que esses países têm a enfrentar”, destacou o ex-ministro.

Sobre os entraves burocráticos, Pratini citou outros desafios que o Brasil tem a superar para fazer frente aos mercados estrangeiros na exportação de produtos para países como o Chile, Peru, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. “O acesso mais amplo a esses mercados só é possível com a padronização de qualidade, conforme a demanda de mercado, negociações comerciais firmes, acordos de tributação, crédito e financiamentos viáveis e, por fim, um marketing consolidado, que possibilite agregar valores aos produtos”, analisou.

Considerando esses desafios, o ex-ministro avalia que é possível Mato Grosso, pela proximidade com a região, atingir plenamente mercados como a Bolívia, que somente no ano passado importou mais de US$ 713 milhões em produtos, em sua maioria manufaturados, do Brasil, ou do Uruguai, que importa do território brasileiro cerca de US$ 500 milhões em produtos que vão de veículos a plásticos, ferro, aço, borracha e café — enquanto que o Brasil ainda importa de lá matérias-primas básicas para a indústria alimentícia.

Como exemplo de possibilidade para maior abertura dos mercados intra-regionais, o ex-ministro citou como exemplo a vantagem de o Brasil importar via ligação intermodal, da Bolívia, o sal produzido na região de Oruro, gerando mais competitividade à carne bovina de Mato Grosso, que é atualmente o maior Estado produtor de carne “in natura” do País, ou ainda, para o Peru, que importa algodão brasileiro, tendo Mato Grosso como o segundo produtor brasileiro. Para isso, a logística de transporte intermodal, envolvendo rodovias, hidrovias e portos, deve integrar os desafios para consolidação do comércio intra-regional.

O Brasil importa atualmente dos vizinhos andinos e do Cone Sul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, matérias-primas, enquanto que da Bolívia o principal produto importado é o gás natural e, do Peru e Chile, cobre e concentrados. Dentre esses paises, o Chile é o maior importador de carne brasileira.

Com um rebanho de 26 milhões de cabeças de gado, Mato Grosso é, na avaliação de Pratini, um dos mercados mais importantes para os interesses e necessidades dos países andinos, tanto pela proximidade, quanto pela facilidade nas trocas comerciais, que somente serão intensificadas com a retirada dos entraves burocráticos que emperram as negociações. “São mercados em crescimento para as necessidades e demandas de importação e exportação de ambos os países, porém não são intensamente explorados por conta da excedente burocracia”, finalizou.

O Brasil tem 16% do rebanho bovino mundial, com 190 milhões de cabeças, e abate 17% da carne, com uma produção de 8 milhões de toneladas, das quais 25% é exportada, principalmente para os mercados europeus e asiáticos.




Fonte: Secom - MT

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