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Nacional
Sexta - 04 de Março de 2005 às 16:31
Por: CARLOS MARTINS

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O ex-ministro Marcos Vinícius Pratini de Moraes e atual presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) defendeu nesta sexta-feira (04.03), em Cuiabá, uma ação enérgica do governo brasileiro contra a Rússia, que não retirou o embargo contra Mato Grosso nas exportações de carne. "Eu sugeri em Brasília que, se a Rússia não retirar o embargo, o Brasil não apóia a entrada da Rússia na OMC [Organização Mundial do Comércio]. Mato Grosso está a 900 km do local onde houve o foco de aftosa. Foi penalizado só porque tem uma fronteira física? Quando existe problema de aftosa na Suíça, por acaso a Alemanha é penalizada? Estamos querendo que se aplique aqui as mesmas regras que eles aplicam lá", ressaltou Pratini de Moraes.

Apesar de na última terça-feira o governo russo ter retirado o embargo de mais seis estados brasileiros, Mato Grosso, que possui o maior rebanho bovino do País, com 28 milhões de cabeças, ficou de fora porque estaria muito próximo ao Amazonas, onde se verificou um foco de aftosa que motivou o embargo. Pratini de Moraes se manifestou sobre o assunto durante os debates realizados pela manhã durante o Seminário Internacional de Infra-Estrutura Intermodal e que foram abertos pelo ex-ministro na condição de moderador.

Moraes disse ainda que os países importadores de carne devem observar o princípio de que o Brasil é um país continental. "As distâncias físicas num país continental estabelecem verdadeiras barreiras naturais com a Floresta Amazônica para qualquer transmissão de doença", afirmou. A decisão russa beneficiou apenas Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, que poderão reiniciar o embarque de carnes bovina e suína para a Rússia assim que provarem que estão livres da febre aftosa.

O embargo começou no dia 20 de setembro do ano passado quando foi descoberto um foco de aftosa em Careiro da Várzea, Amazonas. No dia 7 do mês passado, as autoridades sanitárias da Rússia liberaram as importações de frango e produtos derivados, com exceção dos Estados do Pará e Amazonas. O governador Blairo Maggi concorda que o governo brasileiro precisa ter uma posição forte. "Não é justo que Mato Grosso e os produtos sejam penalizados", disse o governador, que acredita numa negociação para que o embargo seja brevemente levantado.

Em sua exposição na abertura dos debates, Pratini de Moraes criticou também o fato de que o Brasil aceita a imposição de sobretaxas absurdas para vender nossos produtos no exterior e não adota a mesma postura em relação aos produtos que eles vendem para nosso mercado. "Na Noruega, a taxa é de 300% para a entrada do nosso bife", disse Moraes, fazendo uma comparação com o bacalhau que deveria receber taxação semelhante. "Com o imposto que eles arrecadam com a nossa carne, eles subsidiam os produtores de lá. Chegou a hora da verdade", disse Pratini, cobrando uma posição.

Ele ainda fez uma brincadeira, para ilustrar a situação. Na Suíça uma vaca recebe de subsídio mil dólares, "fora a comida". "Tenho um amigo cujo sonho é ser uma vaca lá na Suíça", disse, arrancando gargalhadas da platéia. O ex-ministro afirmou que o mercado de carnes é bastante promissor no cenário mundial. Segundo pesquisa realizada, a primeira coisa que uma família faz quando melhora o salário e sua condição de vida, é "comprar um bife". Depois, na seqüência, compra-se fruta, queijo, motocicleta e faz-se um "puxado" na casa.





Fonte: Secom - MT

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