Repórter News - reporternews.com.br
Aprovação da Lei de Biossegurança é festejada por médicos e pacientes
Coleta de células-tronco provenientes do cordão umbilical já vem sendo realizada na capital baiana
Depois de anos de luta a favor da aprovação da realização de estudos científicos com células-tronco embrionárias, Alexandre Teixeira Lucas teve um sono tranquilo durante boa parte da manhã de ontem. "Fomos dormir tarde comemorando a vitória. Está todo mundo feliz, esperançoso e eufórico", conta o webdesigner e fundador do Grupo Fenix, criado para reforçar a luta em defesa do procedimento que promete salvar vidas condenadas por doenças incuráveis.
Os 180 associados do grupo, que reúne portadores de deficiência e familiares, vibravam ao acompanhar a transmissão da TV Senado que culminou com a autorização de pesquisas com células-tronco de embriões congelados há mais de três anos que não podem ser aproveitados para reprodução, através da nova Lei de Biossegurança. "Mandamos um abaixo-assinado com mais de dez mil assinaturas", contabiliza Teixeira, que sofre de uma doença incurável chamada distrofia muscular de Duchenne, que já comprometeu sua capacidade de andar e respirar sozinho. "Como minha doença é genética só as células-tronco embrionárias podem garantir um resultado melhor. Não sei se vou ter tempo para ser tratado por células-tronco porque minha doença já está avançada, mas fico feliz de saber que parentes, sobrinhos e os brasileiros vão poder contar com os recursos de tratamento que a ciência permite".
A aprovação no Congresso Nacional, na noite da terça-feira, da realização de estudos com células-tronco embrionárias - células especiais, que têm a capacidade de se transformar em qualquer tecido do corpo - foi também comemorada por médicos baianos que já comprovaram a eficácia do procedimento que vem sendo feito na Bahia com a utilização de células maduras. "Foi um grande avanço para o país e um passo importante para o desenvolvimento de mais pesquisas. Muitas doenças parecem ser reversíveis com este tratamento. A esperança é mesmo grande porque as células embrionárias têm poder ainda maior de cura", comemorou o cardiologista Joel Pinho, chefe da Clínica de Insuficiência Cardíaca do Ambulatório do Hospital Santa Izabel, onde, de forma pioneira, vêm sendo realizados os primeiros transplantes de célula-tronco madura em pacientes que sofrem da doença de Chagas em estágio avançado.
Vanguarda - Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz), o Hospital Santa Izabel colocou a Bahia na posição pioneira do inovador tratamento. Salvador foi o primeiro lugar do mundo a pesquisar e testar em humanos o uso das polêmicas células-tronco no tratamento da doença causada pelo protozoário tripanosama cruzi. Dos 30 pacientes submetidos ao procedimento inovador, 28 tiveram um resultado que, segundo os médicos, vai além das expectativas. "Os dois que foram a óbito não tiveram causa associada ao procedimento, mas a evolução da doença mesmo", acrescenta o cardiologista.
O procedimento, relativamente simples e feito gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS), através da retirada de 50ml de medula óssea do próprio paciente, já transformou a vida do pedreiro Lúcio de Almeida, 52 anos. "Fiz o transplante há um mês e já estou me sentindo muito bem. Antes, nem conseguia dormir direito de tanto cansaço", avalia os resultados preliminares do procedimento. Ontem, de volta ao Hospital Santa Izabel para avaliação de rotina, ele se mostrava, mais, do que nunca, otimista com o inovador tratamento. "Desde o primeiro momento que o médico falou, acreditei que isso poderia ser bom para mim. Estou com esperança de ficar bom mesmo", disse Lúcio de Almeida, pai de três filhas, e com esperança de conhecer ainda os netos.
MS avalia eficácia do tratamento com mal de Chagas
A evolução considerada fantástica dos pacientes chagásicos motivou o Ministério da Saúde a desenvolver um novo protocolo científico na Bahia e em mais 13 outros estados para avaliar a eficácia do tratamento com base em células-tronco. "Agora, além da doença de Chagas, o procedimento vai ser utilizado para portadores de mais outras três cardiopatias", acrescenta o médico e pesquisador Ricardo Ribeiro dos Santos. O estudo multicêntrico que começa a ser desenvolvido agora em março vai beneficiar 300 pacientes. "Se a eficácia for comprovada, o procedimento pode passar a ser rotina para os pacientes do SUS", acrescenta Ribeiro, que, apesar de também comemorar a liberação para pesquisas com células embrionárias, acredita que, do ponto de vista prático, os avanços ainda levarão de dois a três anos para beneficiar os pacientes.
"As células-tronco embrionárias ainda não estão sendo usadas em lugar nenhum do mundo no tratamento de humanos. Antes, vamos ter que pesquisar muito para evitar problemas como o da formação de tumores". Enquanto cientistas prometem se debruçar sobre as celulas de embriãos, médicos já se preparam para conferir os resultados das terapias possíveis com o uso das células-tronco adultas. "Já vamos começar a tratar pacientes vítimas de infarto agudo agora em março", avisa o médico, que vem se dedicando a aprovação de protocolos para tratamento ainda este ano de portadores de doenças crônicas do fígado, vítimas de derrames cerebrais, pacientes que sofrem de artrite reumatóide, fibrose pulmonar e até doenças oftalmológicas.
"Para o Parkinson e outras doenças degenerativas vamos testar um modelo alternativo", anuncia Ribeiro, que aproveita para alertar os esperançosos pacientes para cuidados com o charlatanismo envolvendo procedimentos de células-tronco. "Tem muita gente querendo se aproveitar do assunto que vem sendo divulgado massiçamente pela mídia dizendo utilizar célula-tronco importada e prometendo tratamento até domiciliar. Todo trabalho com célula-tronco sério é feito sem que o paciente gaste um tostão porque todas as pesquisas, feitas ainda em caráter experimental, são financiadas pelo Ministério da Saúde", alerta Ribeiro.
Cordão umbilical
Foi-se o tempo em que o umbigo era a única lembrança do parto. Na era da revolução da ciência, as mães mais cuidadosas, além de guardar em gaze o umbigo do filho querem também preservar o sangue do cordão umbilical e da placenta. A coleta de células-tronco provenientes do cordão umbilical, já realizada em Salvador, é uma esperança de vida para muitas pessoas. "Vim para a maternidade feliz e mais tranqüila com a saúde dos meus dois filhos. Além deles, pensei em ajudar minha avó, que sofre de mal de Parkinson", contou a administradora Ludimila de Góes Moraes Santos, prestes a entrar no centro obstétrico do Hospital Santo Amaro para dar a luz ao segundo filho e garantir a matéria-prima que pode ser fonte de cura para sua avó.
"Estou com uma esperança enorme. Porque mesmo com todo cuidado que tenho para evitar a evolução da doença, o mal de Parkinson é progressivo e incurável", disse emocionada Stella Goés, 77 anos, há quatro convivendo com as limitações da patologia degenerativa. "Estou ganhando um bisneto e alma nova", comemorava.
A coleta das células-tronco do cordão umbilical e da placenta de Ludimila foi o primeiro passo para a família renovar as esperanças de cura da matriarca. O sangue coletado ainda na sala de parto, logo após a saída do bebê, será encaminhado de avião - com todo cuidado necessário por se tratar de material biológico - para o Rio de Janeiro, onde funciona um dos poucos laboratórios privados do país, o Cryopraxis, especializado no armazenamento de células-tronco.
Depois de aguardar os resultados de compatibilidade sanguínea, a família de Stella terá ainda que lutar na Justiça pelo direito de realizar o transplante heterólogo, que no Brasil só é permitido em bancos públicos, cuja atuação é ainda reduzida no país. Na Bahia, nenhum banco público funciona para armazenamento de célula-tronco. Os interessados em não desprezar o potencial de cura das células contidas no sangue do cordão umbilical e placenta têm que desembolsar uma média de R$4,4 mil.
Atualmente, os bancos privados são autorizados a fazer a armazenagem das células-tronco apenas para uso autológo, ou seja, em benefício da criança. "Já houve casos registrados na literatura médica de irmãos precisarem e da célula-tronco ser utilizada com sucesso. Mas para isso é preciso ter autorização judicial", explica a enfermeira Vivalnita Mendonça, primeira do estado capacitada a fazer este tipo de coleta.
Felizes de poder dar o primeiro passo, os filhos e netos de Stella não pretendem desistir de combater o mal de Parkinson. "Estamos lutando e vamos vencer. Se encontrarmos dificuldade em fazer o tratamento de minha avó aqui, vamos para fora do país, para qualquer lugar onde as pesquisas estejam mais avançadas", disse Ludimila, vivendo a dupla emoção de dar a luz ao filho de Lucas e devolver a esperança de vida à avó.
Procedimento simples
Mais de 120 coletas de células-tronco provenientes de cordão umbilical já foram realizadas em Salvador. O procedimento simples, que não provoca qualquer tipo de desconforto, dor ou reação adversa na parturiente pode ser realizado em qualquer hospital, desde que sob a coordenação de um médico ou enfermeiro habilitado pela Vigilância Sanitária. Em Salvador, a enfermeira Vivalnita Mendonça já capacitou mais seis profissionais.
Feito ainda na sala de parto, logo após a saída do bebê, o procedimento consiste na punsão do sangue do cordão umbilical e da placenta. Em média são necessários de cem a 150ml de sangue. "As células-tronco deste material têm maior potencial de automultiplicação porque são células novas, que não sofreram nada do meio", explica a especialista, acrescentando: "O mais importante é que estas células-tronco que são fonte de cura para muitas doenças são retiradas de um material que é desprezado depois do parto".
Desde que o volume coletado seja superior a 70ml ou que contenha mais de 500 milhões de células-tronco, o sangue recolhido segue com destino ao Rio de Janeiro. Acondicionado em frasqueiras com temperatura variável entre 4º e 24º, o material biológico é transportado de avião. No laborátório carioca, as bolsas são armazendas em isopores com nitrogênio líquino a temperatura de 196 graus negativos. "Hoje temos histórico de funcionamento com sucesso depois de 15 anos, mas este tempo pode aumentar".
Atualmente, dez coletas são realizadas por mês em Salvador. A tendência é que este número também cresça principalmente agora depois da aprovação do Congresso para estudos científicos de células-tronco embrionárias. "Os médicos já estão indicando o procedimento. Hoje todo mundo já sabe das promessas da célula tronco, mas poucos sabem que aqui em Salvador existe um serviço bem montado e que já funciona", divulga.
Depois de anos de luta a favor da aprovação da realização de estudos científicos com células-tronco embrionárias, Alexandre Teixeira Lucas teve um sono tranquilo durante boa parte da manhã de ontem. "Fomos dormir tarde comemorando a vitória. Está todo mundo feliz, esperançoso e eufórico", conta o webdesigner e fundador do Grupo Fenix, criado para reforçar a luta em defesa do procedimento que promete salvar vidas condenadas por doenças incuráveis.
Os 180 associados do grupo, que reúne portadores de deficiência e familiares, vibravam ao acompanhar a transmissão da TV Senado que culminou com a autorização de pesquisas com células-tronco de embriões congelados há mais de três anos que não podem ser aproveitados para reprodução, através da nova Lei de Biossegurança. "Mandamos um abaixo-assinado com mais de dez mil assinaturas", contabiliza Teixeira, que sofre de uma doença incurável chamada distrofia muscular de Duchenne, que já comprometeu sua capacidade de andar e respirar sozinho. "Como minha doença é genética só as células-tronco embrionárias podem garantir um resultado melhor. Não sei se vou ter tempo para ser tratado por células-tronco porque minha doença já está avançada, mas fico feliz de saber que parentes, sobrinhos e os brasileiros vão poder contar com os recursos de tratamento que a ciência permite".
A aprovação no Congresso Nacional, na noite da terça-feira, da realização de estudos com células-tronco embrionárias - células especiais, que têm a capacidade de se transformar em qualquer tecido do corpo - foi também comemorada por médicos baianos que já comprovaram a eficácia do procedimento que vem sendo feito na Bahia com a utilização de células maduras. "Foi um grande avanço para o país e um passo importante para o desenvolvimento de mais pesquisas. Muitas doenças parecem ser reversíveis com este tratamento. A esperança é mesmo grande porque as células embrionárias têm poder ainda maior de cura", comemorou o cardiologista Joel Pinho, chefe da Clínica de Insuficiência Cardíaca do Ambulatório do Hospital Santa Izabel, onde, de forma pioneira, vêm sendo realizados os primeiros transplantes de célula-tronco madura em pacientes que sofrem da doença de Chagas em estágio avançado.
Vanguarda - Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Fiocruz), o Hospital Santa Izabel colocou a Bahia na posição pioneira do inovador tratamento. Salvador foi o primeiro lugar do mundo a pesquisar e testar em humanos o uso das polêmicas células-tronco no tratamento da doença causada pelo protozoário tripanosama cruzi. Dos 30 pacientes submetidos ao procedimento inovador, 28 tiveram um resultado que, segundo os médicos, vai além das expectativas. "Os dois que foram a óbito não tiveram causa associada ao procedimento, mas a evolução da doença mesmo", acrescenta o cardiologista.
O procedimento, relativamente simples e feito gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS), através da retirada de 50ml de medula óssea do próprio paciente, já transformou a vida do pedreiro Lúcio de Almeida, 52 anos. "Fiz o transplante há um mês e já estou me sentindo muito bem. Antes, nem conseguia dormir direito de tanto cansaço", avalia os resultados preliminares do procedimento. Ontem, de volta ao Hospital Santa Izabel para avaliação de rotina, ele se mostrava, mais, do que nunca, otimista com o inovador tratamento. "Desde o primeiro momento que o médico falou, acreditei que isso poderia ser bom para mim. Estou com esperança de ficar bom mesmo", disse Lúcio de Almeida, pai de três filhas, e com esperança de conhecer ainda os netos.
MS avalia eficácia do tratamento com mal de Chagas
A evolução considerada fantástica dos pacientes chagásicos motivou o Ministério da Saúde a desenvolver um novo protocolo científico na Bahia e em mais 13 outros estados para avaliar a eficácia do tratamento com base em células-tronco. "Agora, além da doença de Chagas, o procedimento vai ser utilizado para portadores de mais outras três cardiopatias", acrescenta o médico e pesquisador Ricardo Ribeiro dos Santos. O estudo multicêntrico que começa a ser desenvolvido agora em março vai beneficiar 300 pacientes. "Se a eficácia for comprovada, o procedimento pode passar a ser rotina para os pacientes do SUS", acrescenta Ribeiro, que, apesar de também comemorar a liberação para pesquisas com células embrionárias, acredita que, do ponto de vista prático, os avanços ainda levarão de dois a três anos para beneficiar os pacientes.
"As células-tronco embrionárias ainda não estão sendo usadas em lugar nenhum do mundo no tratamento de humanos. Antes, vamos ter que pesquisar muito para evitar problemas como o da formação de tumores". Enquanto cientistas prometem se debruçar sobre as celulas de embriãos, médicos já se preparam para conferir os resultados das terapias possíveis com o uso das células-tronco adultas. "Já vamos começar a tratar pacientes vítimas de infarto agudo agora em março", avisa o médico, que vem se dedicando a aprovação de protocolos para tratamento ainda este ano de portadores de doenças crônicas do fígado, vítimas de derrames cerebrais, pacientes que sofrem de artrite reumatóide, fibrose pulmonar e até doenças oftalmológicas.
"Para o Parkinson e outras doenças degenerativas vamos testar um modelo alternativo", anuncia Ribeiro, que aproveita para alertar os esperançosos pacientes para cuidados com o charlatanismo envolvendo procedimentos de células-tronco. "Tem muita gente querendo se aproveitar do assunto que vem sendo divulgado massiçamente pela mídia dizendo utilizar célula-tronco importada e prometendo tratamento até domiciliar. Todo trabalho com célula-tronco sério é feito sem que o paciente gaste um tostão porque todas as pesquisas, feitas ainda em caráter experimental, são financiadas pelo Ministério da Saúde", alerta Ribeiro.
Cordão umbilical
Foi-se o tempo em que o umbigo era a única lembrança do parto. Na era da revolução da ciência, as mães mais cuidadosas, além de guardar em gaze o umbigo do filho querem também preservar o sangue do cordão umbilical e da placenta. A coleta de células-tronco provenientes do cordão umbilical, já realizada em Salvador, é uma esperança de vida para muitas pessoas. "Vim para a maternidade feliz e mais tranqüila com a saúde dos meus dois filhos. Além deles, pensei em ajudar minha avó, que sofre de mal de Parkinson", contou a administradora Ludimila de Góes Moraes Santos, prestes a entrar no centro obstétrico do Hospital Santo Amaro para dar a luz ao segundo filho e garantir a matéria-prima que pode ser fonte de cura para sua avó.
"Estou com uma esperança enorme. Porque mesmo com todo cuidado que tenho para evitar a evolução da doença, o mal de Parkinson é progressivo e incurável", disse emocionada Stella Goés, 77 anos, há quatro convivendo com as limitações da patologia degenerativa. "Estou ganhando um bisneto e alma nova", comemorava.
A coleta das células-tronco do cordão umbilical e da placenta de Ludimila foi o primeiro passo para a família renovar as esperanças de cura da matriarca. O sangue coletado ainda na sala de parto, logo após a saída do bebê, será encaminhado de avião - com todo cuidado necessário por se tratar de material biológico - para o Rio de Janeiro, onde funciona um dos poucos laboratórios privados do país, o Cryopraxis, especializado no armazenamento de células-tronco.
Depois de aguardar os resultados de compatibilidade sanguínea, a família de Stella terá ainda que lutar na Justiça pelo direito de realizar o transplante heterólogo, que no Brasil só é permitido em bancos públicos, cuja atuação é ainda reduzida no país. Na Bahia, nenhum banco público funciona para armazenamento de célula-tronco. Os interessados em não desprezar o potencial de cura das células contidas no sangue do cordão umbilical e placenta têm que desembolsar uma média de R$4,4 mil.
Atualmente, os bancos privados são autorizados a fazer a armazenagem das células-tronco apenas para uso autológo, ou seja, em benefício da criança. "Já houve casos registrados na literatura médica de irmãos precisarem e da célula-tronco ser utilizada com sucesso. Mas para isso é preciso ter autorização judicial", explica a enfermeira Vivalnita Mendonça, primeira do estado capacitada a fazer este tipo de coleta.
Felizes de poder dar o primeiro passo, os filhos e netos de Stella não pretendem desistir de combater o mal de Parkinson. "Estamos lutando e vamos vencer. Se encontrarmos dificuldade em fazer o tratamento de minha avó aqui, vamos para fora do país, para qualquer lugar onde as pesquisas estejam mais avançadas", disse Ludimila, vivendo a dupla emoção de dar a luz ao filho de Lucas e devolver a esperança de vida à avó.
Procedimento simples
Mais de 120 coletas de células-tronco provenientes de cordão umbilical já foram realizadas em Salvador. O procedimento simples, que não provoca qualquer tipo de desconforto, dor ou reação adversa na parturiente pode ser realizado em qualquer hospital, desde que sob a coordenação de um médico ou enfermeiro habilitado pela Vigilância Sanitária. Em Salvador, a enfermeira Vivalnita Mendonça já capacitou mais seis profissionais.
Feito ainda na sala de parto, logo após a saída do bebê, o procedimento consiste na punsão do sangue do cordão umbilical e da placenta. Em média são necessários de cem a 150ml de sangue. "As células-tronco deste material têm maior potencial de automultiplicação porque são células novas, que não sofreram nada do meio", explica a especialista, acrescentando: "O mais importante é que estas células-tronco que são fonte de cura para muitas doenças são retiradas de um material que é desprezado depois do parto".
Desde que o volume coletado seja superior a 70ml ou que contenha mais de 500 milhões de células-tronco, o sangue recolhido segue com destino ao Rio de Janeiro. Acondicionado em frasqueiras com temperatura variável entre 4º e 24º, o material biológico é transportado de avião. No laborátório carioca, as bolsas são armazendas em isopores com nitrogênio líquino a temperatura de 196 graus negativos. "Hoje temos histórico de funcionamento com sucesso depois de 15 anos, mas este tempo pode aumentar".
Atualmente, dez coletas são realizadas por mês em Salvador. A tendência é que este número também cresça principalmente agora depois da aprovação do Congresso para estudos científicos de células-tronco embrionárias. "Os médicos já estão indicando o procedimento. Hoje todo mundo já sabe das promessas da célula tronco, mas poucos sabem que aqui em Salvador existe um serviço bem montado e que já funciona", divulga.
Fonte:
Correio da Bahia
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/355118/visualizar/
Comentários