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Quinta - 03 de Março de 2005 às 20:30
Por: Carlos Martins

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Para se fazer um percurso de oito mil quilômetros – ida e volta – entre Cuiabá (MT) e Lima, capital do Peru, a empresa de transportes Expresso Araçatuba gasta por viagem R$ 22 mil, dinheiro necessário para a troca do conjunto de 18 pneus de cada carreta utilizada. Esse é um custo que, colocado na ponta do lápis, afeta a competitividade e mostra a necessidade de se investir em infra-estrutura principalmente no trecho de 450 quilômetros entre San Mathias e Concepción, Bolívia, caminho para Santa Cruz de la Sierra, passagem para a Costa do Pacífico e por onde se atingem os portos no Sul do Peru e Norte do Chile.

Os custos operacionais, as dificuldades logísticas e os entraves burocráticos foram expostos na manhã desta quinta-feira (03) pelo diretor do Expresso Araçatuba, Álvaro Fagundes Júnior, um dos debatedores do tema rodovia no Seminário Internacional de Infra-Estrutura Multimodal que está sendo realizado no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. A empresa é líder no transporte rodoviário no Centro-Oeste e Norte do Brasil e nas principais rotas da América do Sul, com atuação na Argentina, Uruguai, Paraguai Bolívia, Venezuela e Peru.

Para quem faz o trecho de 450 km sem asfalto, como vem fazendo nos últimos sete anos os motoristas do Expresso Araçatuba na rota para o Peru, a estrada, cheia de pedras, parece mais uma "lixa". Daí os estragos causados aos pneus. Além dos custos operacionais e das famosas "trancas", que atrasam em pelo menos seis horas (período em que poderiam ser rodados 300 km) a chegada dos caminhões até Santa Cruz de la Sierra, existem ainda os riscos causados pelas pontes de madeira em condições precárias e que podem não suportar o peso de 50 toneladas de um caminhão da transportadora. "Pela primeira vez em dez anos estamos observando o interesse das autoridades em discutir e resolver estes problemas", disse Fagundes, que possui uma experiência de 28 anos no setor de transporte e logística.

BENEFÍCIOS

Segundo o diretor do Expresso Araçatuba, o asfaltamento do trecho, além de trazer mais segurança na estrada (a poeira prejudica a visibilidade da estrada por onde circulam animais), implicaria em outros benefícios. Entre eles, a diminuição do contrabando, que poderia aumentar a receita dos países envolvidos; a intensificação do comércio, incluindo a Zona Franca de Manaus; investimentos em turismo, que apresenta um grande potencial; a diminuição em 50% dos custos no percurso por terra; e a diminuição em 20% dos custos operacionais nos veículos.

A situação ideal, além do asfaltamento, incluiria também a aproximação da aduana brasileira para mais perto da fronteira, já que hoje ela se encontra a 100 km de distância. "A integração das aduanas brasileira e boliviana também agilizariam as exportações e importações", afirmou o diretor. Com o quadro atual, para se chegar até Santa Cruz de la Sierra um caminhão da empresa leva em dias normais cinco dias. Se estiver chovendo, esse prazo pode aumentar para sete dias ou até mais tempo. Se as condições fossem normais, em se tratando de infra-estrutura e logística, o mesmo trajeto poderia ser feito em dois dias e meio.

As aduanas, que funcionam sem estruturas, também são um complicador na avaliação do diretor Álvaro Fagundes Júnior. Os funcionários da fronteira do Brasil entre o Destacamento do Corixa e San Mathias trabalham apenas cinco dias por semana e na fronteira da Bolívia o expediente é de seis dias. Assim, a liberação de caminhões e cargas fora desse horário vai depender da boa vontade dos responsáveis que poderão ser contatados se estiverem em casa. A conferência de mercadorias poderá retardar ainda mais a liberação.

"O potencial é muito grande nesses mercados. Os produtos que podem ser importados são diversos e vão de minérios, a fertilizantes, passando por condimentos, como orégano, azeites, azeitonas, até madeira da Bolívia", explicou o diretor. Na rota que passa por Santa Cruz de la Sierra e vai até Lima, capital peruana, são utilizados 120 caminhões. A expansão do Expresso Araçatuba pelos países andinos começou em 1995 com a criação do Projeto Pacífico. Para observar a viabilidade da rota, foram feitas quatro viagens experimentais. A primeira em 95, outra em 96 e mais duas viagens em 98. A meta era garantir o acesso aos mercados complementares num mundo globalizado, além de se buscar competitividade.

Fundada em 1952, em Araçatuba, o Expresso Araçatuba faz parte o Grupo Arex que trabalha com transporte e logística. A empresa possui 1.500 funcionários, 40 filiais, 600 veículos próprios, mais 500 agregados. Os caminhões rodam 100 milhões de quilômetros por ano. A capacidade de movimentação de carga é de 2.500 toneladas por dia e a capacidade de carregamento e descarregamento é de 210 caminhões simultaneamente. A empresa opera uma área de distribuição em 900 municípios e em 300 cidades possui pólos de embarque.





Fonte: Secom - MT

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