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Economia
Quinta - 03 de Março de 2005 às 15:40
Por: Carlos Martins

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Seriam necessários recursos na ordem de US$ 64 milhões para pavimentar o trecho de 450 quilômetros entre San Mathias e Concepción, na Bolívia, principal gargalo que dificulta o incremento das relações comerciais entre o Centro-Oeste brasileiro e os países andinos.

Esta é a avaliação feita pelo diretor da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Serafim Carvalho, que atuou na manha desta quinta-feira (03.03) como apresentador/provocador durante o Seminário Internacional de Infra-Estrutura Multimodal. O seminário, que começou na noite de quarta-feira (02) e vai até amanhã no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, discutiu as dificuldades decorrentes da falta de pavimentação do trecho que faz a ligação entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra e que permite o acesso à costa do Pacífico no Peru e Chile.

No debate, que teve também a participação como moderador de Richard Jean Marie Dubois, da Trevisan & Associados, Serafim Carvalho, que também é assessor de comércio exterior da Secretaria de Comércio, Indústria, Minas e Energia de Mato Grosso, apresentou um estudo feito em 1999 pela Fiemt e o Governo do Estado, que apontou quatro eixos principais de ligação com o Pacífico. Duas delas que integram os países sul-americanos por hidrovia, ligando Santa Cruz a Salta, na Argentina e outra de Salta indo até Antofagasta, no Chile.

Outras duas opções, no eixo Norte/Sul, podem ligar o Acre ao Sul do Peru (Rodovia Transoceânica) e no eixo Leste/Oeste a integração se dá pela ligação Cuiabá, Santa Cruz, passando pelo trecho a ser pavimentado. Os recursos necessários dependerão de uma engenharia financeira, que é um dos pontos em discussão nesse seminário que reúne representantes do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Das quatro saídas disponíveis para o país vizinho, Bolívia, a partir de Mato Grosso, a via por Cáceres é a principal. Pode-se sair do Estado para a Bolívia ainda por Vila Bela da Santíssima Trindade (a 30 km da fronteira e a 160 km de San Ignácio); por Pontes e Lacerda (180 km do destacamento de Fortuna e onde se chega a San Vicente da Fronteira); e, por fim, por Porto Esperidião (a 200 km do destacamento Fortuna).

Pela principal via de saída, em Cáceres, e tendo que enfrentar inúmeros entraves burocráticos, como as "trancas", exportou-se no último exercício US$ 100 milhões em produtos que atingiram mercados da Bolívia, Peru e Chile. Mas estes números poderiam ser ampliados se as questões logísticas e os entraves fossem debatidos, enfrentados e resolvidos.

Conforme explicou Serafim Carvalho, Mato Grosso, que hoje ocupa o décimo lugar no ranking de exportação, com US$ 3 bilhões (liderado pelo complexo soja, algodão, couro, madeira, carnes e milho), tem amplas possibilidades de incrementar seus negócios. "Os Andes representam um enorme potencial. Não podemos deixar de fazer esse trabalho de aproximação", disse Carvalho.

Ele, que conhece bem os países andinos e integrou a Expedição Internacional – Estradeiro IV que visitou entre 12 e 22 de fevereiro a Bolívia, Peru e Chile, enumerou o potencial econômico destes países. Se em 2004 Mato Grosso importou principalmente zinco do Peru, Fertilizantes do Chile, trigo da Argentina e o gás da Bolívia, constatou-se no estradeiro as possibilidades de se trazer pescados e condimentos principalmente do Peru e do Chile, madeira da Bolívia e ainda utilizar melhor os entrepostos comerciais destes países, como as zonas francas de Oruru (Bolívia) e Tacna (Peru).

O assessor da Fiemt também chamou a atenção de se investir e procurar soluções para melhor a infra-estrutura. Só assim, com investimentos em logística, pode-se aumentar a competitividade e mudar a rota de entrada de produtos no Brasil destes países andinos, que hoje privilegiam principalmente as vias de acesso por São Paulo, destacou Serafim Carvalho.





Fonte: Secom - MT

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