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Nacional
Quinta - 03 de Março de 2005 às 01:15

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Brasília - Após amargar a derrota de ver aprovada a pesquisa com células-tronco embrionárias, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-SP), desistiu de sua principal bandeira de campanha, o aumento salarial. "O aumento morreu", disse Severino Cavalcanti, ao deixar a presidência da Câmara na sessão que votava o projeto de Lei da Biossegurança, de cuja decisão ele não participou. "Quem quiser se queixar, que vá se queixar ao Renan", comentou ele, numa resposta a Renan Calheiros, que acabou recusando a proposta de reajuste salarial por um ato administrativo que vinha sendo tentado, sem a necessidade de votação pelo plenário.

Menos de quatro horas antes, durante um almoço, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, orientara Severino a autorizar o aumento do salário por ato da Mesa, desde que feito em conjunto com o Senado. Com isso, os vencimentos dos parlamentares poderiam subir de R$ 12,84 mil para R$ 19,11 mil, maior salário pago hoje ao ministro do Supremo. No final do dia, Calheiros, que segundo outros senadores estava disposto a acatar a proposta, recusou-a.

Após conhecer a posição de Renan, Severino Cavalcanti comentou: "Então não sai (o aumento). É ato conjunto. Isso é um problema de Renan e não meu".

Na terça-feira à noite, Severino havia reunido os líderes de todos os partidos na Câmara para pressioná-los a aprovar o projeto de aumento salarial. Reclamou de que estava sozinho na defesa da proposta, mas não sensibilizou os líderes que reafirmaram a posição contrário ao aumento. Em tom de ameaça, segundo relato dos líderes, Severino disse que se não apoiassem o aumento salarial, os deputados não teriam "mais nada" nesses próximos dois anos.

Ainda em tom de ameaça, Severino disse, segundo líderes, que iria desgastar politicamente todos que ficassem contra o aumento e que enviaria uma carta aos deputados criticando o colégio de líderes por não permitir que ele dê o reajuste. A discussão sobre o aumento salarial durou mais de três horas e atrasou o jantar que só foi servido depois da meia-noite.

Praticamente sozinho, Severino teve apoio do líder do PP, José Janene (PR). Na defesa que fez do aumento, Janene disse que, se não haverá aumento para os parlamentares, também não deverá haver aumento para o Poder Judiciário. "Se não cabe aumento para os deputados, vai caber para os ministros do Supremo?", questionou. "É preciso ver se é oportuno esse aumento para o Supremo", afirmou Janene.

Na manhã desta quarta-feira, Jobim mostrou-se preocupado com o crescente movimento na Câmara contrário à aprovação do aumento salarial dos ministros do Supremo, segundo contou um parlamentar que falou com o ministro por telefone. Ele foi à reunião para tentar convencer os deputados a aprovar o projeto do Judiciário. Nessa reunião recomendou o aumento por via da mesa.




Fonte: Agência Estado

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