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Internacional
Quarta - 02 de Março de 2005 às 19:20
Por: Philip Pullella

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Foi uma estranha quarta-feira para os peregrinos que estavam em Roma. Não havia clima de alegria. Geralmente, quarta é o dia em que o papa realiza sua audiência geral no Vaticano — um evento em torno do qual muitos turistas planejam suas viagens, e que os moradores odeiam por causa dos enormes congestionamentos.

Mas essa quarta-feira, 2 de março, foi diferente. O número de peregrinos não caiu, mas o papa estava trancado em seu quarto de hospital, recuperando-se de uma traqueotomia.

Como o papa não podia comandar a audiência, alguns acharam que seria boa idéia levar a audiência até ele. Católicos de todo o mundo se concentraram diante do hospital Gemelli, cantando e rezando sob a janela, torcendo para que ele conseguisse dar um aceno por trás do vidro.

Mas isso não aconteceu.

Um grupo de poloneses rezava o rosário, elevando a voz de vez em quando, na esperança de que seu conterrâneo mais famoso os ouvisse e rezasse junto, em silêncio.

Depois foi a vez de cerca de 200 estudantes católicos de Stubenville, Ohio. Eles foram bem mais barulhentos que os poloneses. Depois de rezar o rosário, eles se armaram de violões, de um microfone e de um alto-falante portátil e fizeram os pacientes do hospital saírem à janela — mas não o único paciente que queriam ver. Eles cantaram de olhos fechados e braços erguidos para o alto, voltados para a janela do papa.

"Viemos aqui para mostrar nossa fé e para pedir ao Espírito Santo que mostre sua força na Igreja", disse o padre Derek Anderson, líder do grupo.

Também foi uma quarta-feira diferente para os alunos da escola primária que fica perto da praça São Pedro. Normalmente eles conseguem ver a movimentação no Vaticano. Agora rezavam pelo retorno do homem que o comanda.

"Vamos dedicar essa oração para um homem que se importa com o mundo todo e que está agora no hospital. Sabem quem é ele?", perguntou o padre Paolo a sua classe. "Il papa", eles responderam, em coro.

Ali perto, Remo, que vende terços, crucifixos e outras bugigangas religiosas, também queria a volta do papa. Mas no caso dele, não era nada pessoal, apenas negócios.

"Sem o papa, não trabalhamos. Não vendemos nas quartas-feiras e nos domingos porque não há audiências", disse Remo. "Precisamos do papa."

(Reportagem adicional de Leon Malherbe e Gabriele Pileri)




Fonte: Reuters

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