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ENTREVISTA-Síria repensa seu papel no Líbano, diz embaixador
A Síria está repensando sua política em relação ao Líbano, e suas tropas não permanecerão no país se os libaneses não quiserem, disse na quarta-feira o embaixador sírio em Londres.
A Síria vem enfrentando forte pressão internacional e popular no Líbano para retirar seus 14 mil soldados do pequeno país, desde o assassinato, no dia 14 de fevereiro, do ex-premiê libanês Rafik al-Hariri.
"O que está acontecendo em Damasco é um processo de definição de uma nova política sobre o Líbano", disse o embaixador Sami Khiyami.
"O presidente já indicou o sentimento profundo dos sírios de não querer permanecer no Líbano se os libaneses não os quiserem", disse ele à Reuters numa entrevista.
Na terça-feira, a revista Time citou declarações do presidente sírio, Bashar al-Assad, dizendo que os soldados poderiam se retirar em poucos meses se o cronograma fosse técnico, e não político.
Khiyami disse que países árabes como Egito e Arábia Saudita estavam buscando uma saída diplomática, tentando combinar a exigência da ONU pela retirada síria com as exigências do Acordo de Taif, que encerrou a guerra civil do Líbano (1975-1990).
A resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em setembro, exige que as forças estrangeiras deixem o Líbano e que as milícias se desarmem, numa referência à guerrilha xiita Hizbollah.
O Acordo de Taif, ratificado pelo Parlamento libanês em agosto de 1990, estipulou que as tropas sírias iriam para o vale do Bekaa, próximo à fronteira com a Síria, dali a dois anos. Os dois governos então negociariam o futuro da presença síria.
Khiyami disse que a principal preocupação da Síria é garantir que a retirada não ameace seus interesses vitais, como a proximidade diplomática com o Líbano e a busca libanesa por negociações de paz com Israel, para a retomada das Colinas do Golã. A maneira de fazer isso deve ser discutida com as autoridades libanesas, afirmou, lembrando que o Líbano ainda tem um presidente e um Parlamento. O governo libanês, apoiado pela Síria, caiu na segunda-feira, depois de duas semanas de manifestações populares pelo assassinato de Hariri.
As negociações diplomáticas na região se aceleraram na quarta-feira, com a viagem a Damasco do emir do Catar e a informação, dada por um jornal saudita, de que Assad deve ir a Riad nas próximas 48 horas.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, disse a repórteres que vem discutindo a retirada com Assad há dois anos. A Síria mantém as tropas no Líbano desde 1976.
Khiyami disse que a fórmula que concilie o Acordo de Taif com a resolução 1559 poderia ser discutida com os europeus, "já que parece que os americanos não estão abertos ao diálogo".
A França, co-autora da resolução junto com os EUA, está entre os críticos mais ferozes da atuação síria no Líbano, principalmente desde a morte de Hariri, amigo pessoal do presidente Jacques Chirac.
"A França, hoje, infelizmente foi contagiada pela euforia da pretensão de mudanças no Líbano", disse o embaixador. "Eles logo vão descobrir que só mantendo relações excelentes com o Líbano e com a Síria é que vão manter sua influência no Oriente Médio".
Ele acusou EUA e Israel de utilizar o assassinato de Hariri, numa explosão de carro-bomba em Beirute, para pressionar com uma agenda anti-Síria. "Infelizmente a administração dos EUA quer se beneficiar do incidente criminoso no Líbano, o mais rápido possível".
A Síria vem enfrentando forte pressão internacional e popular no Líbano para retirar seus 14 mil soldados do pequeno país, desde o assassinato, no dia 14 de fevereiro, do ex-premiê libanês Rafik al-Hariri.
"O que está acontecendo em Damasco é um processo de definição de uma nova política sobre o Líbano", disse o embaixador Sami Khiyami.
"O presidente já indicou o sentimento profundo dos sírios de não querer permanecer no Líbano se os libaneses não os quiserem", disse ele à Reuters numa entrevista.
Na terça-feira, a revista Time citou declarações do presidente sírio, Bashar al-Assad, dizendo que os soldados poderiam se retirar em poucos meses se o cronograma fosse técnico, e não político.
Khiyami disse que países árabes como Egito e Arábia Saudita estavam buscando uma saída diplomática, tentando combinar a exigência da ONU pela retirada síria com as exigências do Acordo de Taif, que encerrou a guerra civil do Líbano (1975-1990).
A resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em setembro, exige que as forças estrangeiras deixem o Líbano e que as milícias se desarmem, numa referência à guerrilha xiita Hizbollah.
O Acordo de Taif, ratificado pelo Parlamento libanês em agosto de 1990, estipulou que as tropas sírias iriam para o vale do Bekaa, próximo à fronteira com a Síria, dali a dois anos. Os dois governos então negociariam o futuro da presença síria.
Khiyami disse que a principal preocupação da Síria é garantir que a retirada não ameace seus interesses vitais, como a proximidade diplomática com o Líbano e a busca libanesa por negociações de paz com Israel, para a retomada das Colinas do Golã. A maneira de fazer isso deve ser discutida com as autoridades libanesas, afirmou, lembrando que o Líbano ainda tem um presidente e um Parlamento. O governo libanês, apoiado pela Síria, caiu na segunda-feira, depois de duas semanas de manifestações populares pelo assassinato de Hariri.
As negociações diplomáticas na região se aceleraram na quarta-feira, com a viagem a Damasco do emir do Catar e a informação, dada por um jornal saudita, de que Assad deve ir a Riad nas próximas 48 horas.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, disse a repórteres que vem discutindo a retirada com Assad há dois anos. A Síria mantém as tropas no Líbano desde 1976.
Khiyami disse que a fórmula que concilie o Acordo de Taif com a resolução 1559 poderia ser discutida com os europeus, "já que parece que os americanos não estão abertos ao diálogo".
A França, co-autora da resolução junto com os EUA, está entre os críticos mais ferozes da atuação síria no Líbano, principalmente desde a morte de Hariri, amigo pessoal do presidente Jacques Chirac.
"A França, hoje, infelizmente foi contagiada pela euforia da pretensão de mudanças no Líbano", disse o embaixador. "Eles logo vão descobrir que só mantendo relações excelentes com o Líbano e com a Síria é que vão manter sua influência no Oriente Médio".
Ele acusou EUA e Israel de utilizar o assassinato de Hariri, numa explosão de carro-bomba em Beirute, para pressionar com uma agenda anti-Síria. "Infelizmente a administração dos EUA quer se beneficiar do incidente criminoso no Líbano, o mais rápido possível".
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/355692/visualizar/
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