Exército colombiano é acusado de massacre de 8 camponeses
O ministro da Defesa negou a responsabilidade do Exército no massacre, ocorrido na semana passada num local afastado do município de Apartadó, no Departamento de Antióquia, 450 quilômetros a noroeste de Bogotá.
"Não se sabe até onde vão os paramilitares e a força pública, mas o que sabemos com certeza é que todos esses crimes foram cometidos diretamente por batalhões da brigada 17", disse o padre Javier Giraldo, com base em testemunhos dos moradores da região.
O escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denunciou que cinco dos corpos estavam mutilados, e que algumas das vítimas teriam sido mortas a tiros.
O massacre aconteceu numa região onde estão presentes guerrilheiros de esquerda e paramilitares de ultradireita, que lutam pelo controle de uma região estratégica para o tráfico de drogas, dentro do conflito nacional que mata milhares de pessoas ao ano há quatro décadas.
A ONU disse que não tinha informações sobre os autores da chacina, e a Procuradoria Geral da República afirmou num relatório preliminar que há três hipóteses para os culpados: paramilitares, guerrilheiros ou Exército.
A ex-prefeita de Apartadó, Gloria Cuartas, também culpou o Exército. "O que vimos traz as marcas da ação da décima sétima brigada, que vinha fazendo operações na região, assassinando os grupos familiares que encontrasse", afirmou ela.
O ministro da Defesa, Jorge Alberto Uribe, negou as acusações e anunciou a disposição das autoridades militares de colaborar com a investigação.
"A força pública está tranquila porque não cometeu esses abusos, esses crimes, e está oferecendo toda a colaboração à procuradoria no esforço de esclarecer tais fatos", afirmou Uribe.
As vítimas pertenciam à comunidade de San José de Apartadó, que haviam sido desalojadas pelo conflito, mas voltaram a suas casas e se declararam neutras, num ato de resistência civil pacífica.
Pelo menos 154 integrantes dessa comunidade foram assassinados desde 1997, segundo a ONU.
Na segunda-feira, o Departamento de Estado dos EUA reconheceu alguns avanços obtidos pelo governo colombiano na área de direitos humanos, em sua avaliação anual do tema.
O relatório elogiou a redução dos abusos atribuídos às Forças Armadas, embora ainda tenha havido casos de matanças extrajudiciais, desaparecimentos e colaboração com os grupos paramilitares.
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