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Nacional
Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 23:00
Por: Flávia Albuquerque

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São Paulo - O ministro da Educação, Tarso Genro, disse hoje que a educação e a reforma, tanto no ensino público quanto no particular, não estão separadas do processo político. Durante debate com o ministro da Educação e Cultura de Cuba, Fernando Vecinno Alegrete, no 14º Congresso Latino-Americano de Estudantes (Clae), que se realiza no pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, Tarso Genro destacou que a reforma do ensino superior no Brasil é um elemento de transição para um outro modelo de desenvolvimento do país.

"Isso significa recompor as funções públicas do estado, colocar no centro de um projeto educacional a universidade pública de alta qualidade, com capacidade de expansão e com assistência estudantil que permitam aos estudantes permanecer na universidade", afirmou.

A proposta da União Nacional dos Estudantes (UNE) para a reforma universitária, segundo o ministro, alertou o governo para uma questão que não fora considerada na discussão preliminar do anteprojeto: "Não é só bolsa de estudo, para que nós ocupemos e transformemos espaços privados em espaços públicos, mas é também aquele estudante que chega na universidade pública e não tem condições para pagar uma passagem de ônibus, ir a um restaurante universitário ou comprar os livros para a sua permanência no curso."

O ministro destacou que a reforma universitária não está descolada de um processo de alta complexidade e grande dificuldade em um país como o Brasil, porque nos últimos 40 anos houve uma desregulamentação que permitiu a atual oferta de mais de 70% das vagas por instituições particulares, restando ao Estado 30% das vagas. "Esse é um âmbito muito importante da discussão da reforma, os estudantes devem ter consciência para lutar por ela", acrescentou.

O governo atual, ressaltou Genro, está empenhado em melhorar a qualidade e recuperar a universidade pública, "o que sinaliza a importância da universidade estatal como elemento vital de construção de um projeto de nação". Segundo ele, o Brasil tem recursos para investir na educação e financiar um projeto estratégico tanto para a educação de base como para a superior.

O ministro disse ainda que o governo brasileiro está disposto a trabalhar com as organizações estudantis, e com os países da América Latina, para compor um grupo de trabalho que elabore e coloque em prática um projeto de universidade latino-americana. "Uma universidade latino-americana que seja de excelência, porque os conservadores só entendem que a excelência esteja vinculada à condição de classe das pessoas, que elite intelectual é a mesma coisa que elite de classe. Nossa visão não é essa. Se nós dermos condições (de acesso) às pessoas que não têm acesso à universidade, à educação, elas terão um rendimento muito melhor, porque sabem dar valor a conquistas democráticas dessa natureza", completou.





Fonte: Agência Brasil

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