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Internacional
Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 21:07

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O governo dos Estados Unidos criticou nesta segunda-feira aliados como Arábia Saudita, Egito e Rússia pelo abuso aos direitos humanos em seu relatório anual sobre o tema, que deixa de lado as torturas cometidas em suas próprias prisões no exterior.

Denúncia de abusos da polícia brasileira

Os Estados Unidos foram criticados por terem se esquecido dos direitos humanos e subordinado sua política externa de forma exclusiva ao combate contra o terrorismo.

No entanto, a secretária adjunta de Estado Paula Dobriansky quis hoje, na apresentação do relatório, remendar o problema e, em entrevista coletiva, enfatizou que "a promoção dos direitos humanos não é só um elemento de nossa política externa, é o alicerce de nossa política e nossa preocupação mais importante".

No relatório, os Estados Unidos não duvidaram em criticar alguns de seus aliados, o que foi bem recebido pelas organizações de direitos humanos. Por exemplo, o relatório citou a Arábia Saudita como um país de "preocupação especial" pela falta de liberdade religiosa e pela discriminação contra a minoria xiita.

O texto também dá uma alfinetada na Rússia, onde "a situação piorou no ano passado", afirmou na entrevista coletiva o subsecretário de Estado adjunto, Michael Kozak, que coordenou a elaboração do relatório. O documento critica, por exemplo, a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de designar os governadores das regiões a dedo, em lugar de fazer eleições.

O Egito, o segundo maior receptor de ajuda econômica e militar dos EUA depois de Israel, também não saiu bem no relatório, mesmo depois de o presidente Hosni Mubarak anunciar no domingo que permitirá as primeiras eleições diretas com vários partidos na história de seu país, que ele governa desde 1981. "Deixar que seus oponentes participem e não prendê-los seria um bom primeiro passo", assinalou Kozak.

A secretária de Estado, Condoleeza Rice, cancelou uma visita prevista ao Egito para esta semana depois da detenção do líder opositor Ayman Nur em circunstâncias suspeitas.

José Miguel Vivanco, diretor do departamento da América Latina da organização humanitária Human Rights Watch, destacou que no passado o impacto deste relatório dura "24 horas", pois o governo do presidente George W. Bush não o usa em sua política bilateral "do dia a dia" com os países aos que critica.

No entanto, a reação à detenção de Nur e as críticas a países que o ajudam em sua luta contra o terrorismo poderiam ser um sinal de mudança, na opinião deste advogado chileno. "Esta é a primeira vez que a administração do presidente George W. Bush tomou uma decisão firme que gera uma tensão séria, não é uma diplomacia silenciosa", assinalou Vivanco.

Embora as críticas que o relatório contém sejam legítimas, os Estados Unidos têm um problema de credibilidade. Muitos países alegam que Washington não faz uma auto-crítica, dado que não analisa os problemas de direitos humanos produzidos por suas próprias ações dentro e fora de seu território.

O relatório não faz referência nem às torturas em Abu Ghraib, que foram reveladas no ano passado, nem às mortes de detidos em circunstâncias suspeitas no Iraque e no Afeganistão, nem aos maus-tratos constatados até mesmo pela polícia federal (FBI) na base americana de Guantánamo.

Outro assunto de preocupação para as organizações de direitos humanos é o suposto envio por parte dos Estados Unidos de prisioneiros a países como Síria e Egito para serem torturados ali.





Fonte: EFE

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