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Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 15:24

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O juiz da Corte de Santa Maria, Rodney Melville, revelou nesta segunda-feira pela primeira vez os detalhes das acusações que pesam contra o astro pop Michael Jackson por abuso sexual de um menor, as quais poderão levá-lo a cumprir pena de 20 anos de prisão. O promotor Tom Sneddon acusou Jackson de se masturbar com uma mão e com outra masturbar um menino no rancho Neverland de sua propriedade, em Santa Bárbara.

Santa Maria está pronta para o julgamento

Julgamento é disputa entre Jackson e Tom Sneddon

Segundo Sneddon, o irmão mais novo do menino entrou no quarto e viu "Jackson masturbando-se com uma mão e com a outra dentro da roupa íntima do irmão". O promotor fez a explosiva acusação nesta segunda-feira, primeiro dia em que a defesa e a promotoria apresentaram na Corte de Santa Maria (Califórnia, oeste) seus argumentos contra e a favor do artista, de 46 anos, acusado de abuso sexual, entre outros 9 delitos.

Abatido, o autoproclamado "rei do pop" chegou à corte de Santa Maria sem saudar o pequeno grupo de fãs que se acotovelava para vê-lo e dar-lhe apoio. Acompanhado da mãe, Katherine, e do irmão Jermaine, vestia um terno preto, com braçadeira vermelha.

Um dos artistas mais famosos do mundo, Michael Jackson enfrenta 10 acusações, entre elas a de abuso sexual de um menor e de conspiração para seqüestrá-lo junto com sua família, no rancho Neverland, de sua propriedade, situado em Santa Maria.

O cantor chegou à corte em um carro preto, escoltado pela polícia, para assistir ao início de seu julgamento, que poderá durar cinco meses.

O júri foi guiado através do estacionamento até o recinto da corte, onde a promotoria iniciou os procedimentos para dar início ao julgamento e levantar os detalhes da acusação.

O caso permanece envolto em uma espessa nuvem de mistério desde a dramática prisão do cantor, em novembro de 2003. A maioria dos documentos sobre o caso, inclusive as acusações que pesam contra o acusado e as transcrições dos procedimentos do grande júri que levaram à acusação, ficaram lacradas até esta segunda-feira.

O perspicaz juiz Rodney Melville preside o caso com mão-de-ferro, mantendo sob controle a promotoria, os advogados de defesa, os meios de comunicação e até mesmo o próprio superastro.

O poderoso júri de 12 membros tem em suas mãos a decisão de permitir que Jackson continue sendo um eterno Peter Pan que se mantém jovem passando inocentemente seu tempo livre com crianças, ou revelá-lo como um pedófilo que passa longos períodos "preparando" suas futuras vítimas, como sustenta a promotoria.

Mas a equipe de advogados mobilizada pelo cantor apresentou a família do menino - hoje com 15 anos -, que acusa Jackson de abuso sexual, como sendo um grupo de predadores financeiros capazes de inventar uma teia de mentiras na corte para ganhar uma alta quantia em dinheiro.

O júri é integrado por quatro homens e oito mulheres, entre eles um jovem de 20 anos e uma viúva de 79. Oito são brancos, três, hispânicos, e um é asiático.

Não há afro-americanos no júri, o que volta a colocar sobre a mesa a influência branca na Justiça e suspeitas de ineqüidade.

O reverendo e ativista civil Jesse Jackson levantou domingo uma suspeita sobre a composição do júri e que esta poderia demonstrar que Jackson não terá "um julgamento justo".

"Michael Jackson, assim como qualquer outro americano, merece um processo e um julgamento justos", afirmou Jesse Jackson, que não tem qualquer relacionamento com o astro.

"Mas a falta de afro-americanos no júri tece um manto de razoáveis dúvidas sobre o objetivo fundamental e primordial dos tribunais: garantir um julgamento justo", acrescentou.

Ele disse ainda que "o processo de escolha dos jurados" foi incorreto, o que somado ao vazamento de informações confidenciais sobre o caso traz "questionamentos sobre se este caso é conduzido de forma imparcial".





Fonte: AFP

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