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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Segunda - 28 de Fevereiro de 2005 às 06:37
Por: Alecy Alves

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Na tradicional Praça Popular de Cuiabá começa a surgir um problema até então visto somente em grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. O local que concentra bares, restaurantes e pizzarias frenqüentadas por políticos, intelectuais e a alta sociedade, passou a ser usado pelas “madames” como sanitários de seus cachorrinhos de estimação.

Duas vezes ao dia, nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, os cães criados nos mais de oito prédios residenciais próximos são levados pelas babás ou empregadas domésticas para urinar e defecar na praça.

Num dos apartamentos, essa tarefa cabe à babá Maria Avelina da Silva, de 28 anos. Todos os dias, às 7h e às 17h, Maria Avelina desce do prédio puxando o cãozinho “Chocolate”. Ela não leva pá ou sacola para recolher as fezes do animal, mas diz que tem a preocupação de não deixá-lo fazer “as necessidades” na areia do parque, na pista e quadra.

“Ponho ele para fazer cocô abaixo do meio fio, num cantinho que não deixa a sujeira espalhada”, argumenta a babá. Maria Avelina reconhece que esse não é o procedimento adequado, mas não vê outra alternativa. “Não temos para onde levar os bichinhos, completou ela.

No apartamento onde Márcia Conceição Silva, de 21 anos, trabalha como babá não há cachorrinho, mas ela também vai à mesma praça duas vezes ao dia, praticamente no mesmo horário em que os cachorros povoam o ambiente.

A tarefa de Márcia é levar a pequena Gabriela, de pouco mais de um ano, para brincar do parque e tomar sol. Ela diz que nunca teve problemas por causa da presença dos cachorros, mas costuma ver fezes no chão e teme que os dejetos contaminem a areia do parquinho onde muitas crianças pisam descalças ou de sandálias.

A filha do dono de um dos restaurantes, que prefere não se identificar, reclamou que no ano passado os comerciantes locais trocaram duas vezes a areia do parque. O temor era que a presença dos animais contaminasse a areia causando doenças às crianças. Conforme ela, muitos clientes, até mesmo moradores do bairro, reclamam dessa nova finalidade da praça - “sanitário canino”.

O arquiteto Edmilson Eid, há 18 anos dono de um escritório que fica de frente para a praça, disse que às vezes é possível contar 30 e até mais cães no mesmo horário, passeando e defecando nos canteiros do logradouro.

“As madames competem entre si para saber quem manda ou leva para a praça o cachorro com lacinho mais bonito”, satirizou Eid. O arquiteto acha que o problema está se agravando e precisa ser discutido pela comunidade junto com a Prefeitura.

Na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Smades), assessores do secretário Lev Levi informaram que em Cuiabá o Código de Postura, aprovado na década de 90, não faz referência a essa questão, e no município não há lei específica sobre o tema.




Fonte: Diário de Cuiabá

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