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Internacional
Domingo - 27 de Fevereiro de 2005 às 23:15

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Ao contrário de seus antecessores, o próximo presidente do Uruguai, o esquerdista Tabaré Vázquez, não foi criado em famílias de históricos líderes partidários nem participou da vida política do país durante os tumultuosos anos 1960.

O novo chefe de Estado eleito em outubro, com uma fala mansa que lembra a de um sacerdote, passou os caóticos anos 60-70 — quando o país viveu um florescimento ideológico logo calado pela ditadura — estudando medicina, educando seus três filhos e, mais tarde, como presidente do clube de futebol Progreso.

Apesar de ter assumido a Presidência, o oncologista de 65 anos pretende continuar exercendo sua profissão por algumas horas durante a semana e também não vai se mudar para a residência presidencial. Prefere continuar morando em sua casa antiga e simples no exclusivo bairro de Prado.

Vázquez, casado com uma católica desde 1964, entrou nos círculos políticos após o fim da ditadura militar em 1985, durante o primeiro governo do centro-direitista Julio Sanguinetti. Em 1989 ele virou o primeiro prefeito de esquerda do país. Segundo analistas, a origem humilde do novo presidente conseguiu abrir-lhe as portas de setores populares que antes se deixavam conquistar por discursos tradicionalistas e pelo medo das mudanças propostas anteriormente pela esquerda.

"Vázquez é uma figura diferente dos líderes anteriores. Ele tem uma liderança que gera uma sintonia com bairros onde antes não chegava a Frente Amplio (coalizão de partidos de esquerda)," disse o analista político Gerardo Caetano.

ORIGENS HUMILDES

Vázquez nasceu em uma família operária. Seu pai trabalhou em um frigorífico e logo entrou na petroleira estatal, onde desenvolveu uma forte atividade com o sindicato. Nos duros anos antes da ditadura, dezenas de sindicalistas foram presos, entre eles o pai de Vázquez. Seu irmão caçula também foi detido por participar das guerrilhas urbanas que na década de 1960 enfrentaram as forças de segurança do governo.

Em 1994 Vázquez — que quando jovem vendia jornais e trabalhava como pedreiro — deixou a prefeitura para se candidatar à Presidência.

Não ganhou, mas a porcentagem que a esquerda obteve nas urnas (30 por cento) provocou inquietação entre os partidos tradicionais. Cinco anos depois, em 1999, voltou a se apresentar como candidato presidencial. Mas uma aliança entre os partidos tradicionais no segundo turno não lhe deu a vitória.

Vázquez chegou à presidência do Uruguai em sua terceira tentativa graças a uma moderação no discurso da esquerda.





Fonte: Reuters

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