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Segunda - 19 de Novembro de 2012 às 18:36
Por: Marcellus Madureira

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O desmembramento aconteceu depois que os advogados de Bola, entre eles Ércio Quaresma, abandonaram o júri. Foto: João Miranda/O Tempo/Futura Press

O desmembramento aconteceu depois que os advogados de Bola, entre eles Ércio Quaresma, abandonaram o júri. (Foto: João Miranda/O Tempo/Futura Press)

 

Após mais de sete horas, o julgamento do Caso Bruno começou por volta as 16h50. No entanto, somente quatro réus serão julgados: Bruno Fernandes de Souza, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, Dayanne do Carmo e Fernanda Gomes Castro. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, teve seu caso desmembrado e será avaliado em uma próxima data a ser marcada.

O julgamento separado do ex-policial Marcos Aparecido aconteceu, segundo os advogados de defesa, por uma série de problemas. Uma das primeiras polêmicas apontadas Zanone Júnior, Ércio Quaresma e Fernando Magalhães foi a exclusão de sete jurados. Segundo os defensores, os candidatos ao Conselho de Sentença foram retirados do caso por já terem participado de outro julgamento de Bola, na semana passada, onde o réu foi inocentado do crime de assassinar um carcereiro, em 2000.

"Ela (a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues) não tem o direito de fazer isso. Ela está aqui para julgar, e não para legislar. Eles estão inscritos e podem participar", afirmou Zanone Júnior. Logo após, por vontade própria, os cinco jurados pediram para sair do caso.

Pouco depois, uma nova polêmica entre defesa e juíza aconteceu. O advogado Ércio Quaresma pediu acesso livre, nos computadores da equipe de advogados, aos vídeos dos depoimentos. No entanto, a magistrada negou o pedido e disse: "Vocês tiveram tempo suficiente para separar minuto a minuto o que fosse interessante".

Com todos os acontecimentos, os defensores de Bola confirmaram que deixaram o caso, mas voltarão a defender o ex-policial. "Nós saímos do caso, pois não aceitamos que a juíza leve dessa maneira. Existem 35 reclamações de nulidade. Mas voltaremos. Ele não quer ter outros advogados, nós seremos", afirmou Fernando Magalhães.

Ao ser questionado pela magistrada se gostaria que defensores públicos assumissem seu caso, Bola respondeu que não. Marixa, então, deu 10 dias para que o réu consiga um novo advogado.

Segundo o assistente da acusação, José Arteiro Cavalcante Lima, que representa a mãe de Eliza, essa é uma estratégia dos defensores. Ele afirmou ainda que os advogados estão fazendo de tudo para tumultuar o caso. "Eles estão com medo. Estão morrendo de medo. Estão querendo vencer a juíza pelo cansaço", disse Arteiro.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), uma nova data para o julgamento de Bola será marcada somente a partir do dia 16 de janeiro. Até lá, não há vagas para audiências.

A expectativa é que o julgamento dos quatro réus dure de três a quatro dias. Foram escolhidos para o Conselho de Sentença seis mulheres e um homem. A definição se deu por sorteio.

 


O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola seriam levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores. No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, macarrão, Dayanne e Fernanda.





Fonte: TERRA

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