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Internacional
Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 21:00
Por: Kathy Seleme

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O grupo de especialistas das Nações Unidas que participa da investigação sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri iniciou sua missão hoje, sexta-feira, em meio a uma crescente tensão no Líbano.

A polícia libanesa trabalha no caso há dez dias. Neste período, recebeu várias críticas dos membros do partido de Hariri, irritados pela forma como as investigações estão se desenvolvendo.

O deputado Nabil Freige, do grupo parlamentar de Hariri, insistiu em defender a teoria de que os explosivos não estavam em um suposto carro-bomba utilizado por um suicida, mas colocados embaixo da estrada.

"Especialistas militares afirmam que foram encontrados blocos de asfalto a mais de 50 metros do local do atentado, o que significa que a carga explosiva estava colocada sob o solo", disse Freige, antes de lembrar que Hariri era o homem "melhor protegido" do mundo.

"Seus veículos estavam dotados de um dos sistemas de interferência mais sofisticados do mundo. Suas guarda-costas eram muito treinados. Uma mosca não conseguiria aproximar-se de seu comboio", disse o político à revista Magazine.

"O fato de as autoridades falarem de TNT contribui para que suspeitemos do envolvimento dos serviços do Estado", explicou Freige.

A oposição libanesa acusou a Síria, em voz alta, de instigar o atentado, mas responsabiliza particularmente os poderosos serviços secretos sírios, considerados os autênticos governantes do Líbano.

Em meio a este clima tenso, o diretor da equipe investigadora da ONU, Peter Fitzgerald, prometeu que será "imparcial e profissional".

"Somos conscientes da importância de nossa missão e podemos assegurar que a cumpriremos com imparcialidade e profissionalismo", ressaltou.

O especialista irlandês, acompanhado pelos demais membros do grupo, foi recebido pelo ministro da Justiça libanês, Adan Addum, antes de visitar pela primeira vez o local no qual ocorreu o magnicídio.

"Entregaremos nossas conclusões à Secretaria-geral da ONU em um prazo de quatro semanas, para que seja possível incluí-lo no relatório (que terá que apresentado) ao Conselho de Segurança" no próximo mês de abril, revelou Fitzgerald.

"Pretendemos trabalhar junto com as autoridades libanesas e conhecer assim os progressos que estão sendo feitos na investigação deste terrível crime. Falaremos também com todos aqueles outros que possam nos ajudar a cumprir nosso objetivo", acrescentou.

Vários seguidores de Hariri permanecem acampados no local do incidente desde o dia 14 de fevereiro - data do assassinato -, e exigem esclarecimentos sobre o crime.

Além disso, centenas de libaneses peregrinam a cada dia ao local, onde ainda é visível um enorme buraco, para rezar uma prece ou insultar a Síria.

O assassinato do ex-primeiro-ministro inflamou o clima de confronto no país entre o governo pró-sírio e os grupos de oposição que exigem a saída das tropas deste país e o fim da ingerência de Damasco, que exerce um poder tácito sobre seu vizinho.

O presidente do país, o cristão maronita pró-sírio Émile Lahoud, reiterou novamente hoje que o governo "está aberto a debater tudo para chegar a um acordo nacional".

No entanto, ele perdeu parte de seu apoio depois do anúncio da Jamaa Islamiya libanesa, principal organização islamita sunita, que retira seu apoio ao governo e pede a renúncia de Lahoud depois das próximas eleições parlamentares.

A oposição, no entanto, não quer perder esta oportunidade de conseguir uma de suas mais antigas reivindicações, e mantém a pressão na busca da saída dos 14.000 soldados da Síria ainda destacados no Líbano.

O presidente sírio, Bachar al-Assad, insistiu hoje que seu país deseja dialogar a este respeito com a ONU, mas que não encontra "a mesma sintonia" nos Estados Unidos.

O vice-ministro sírio de Assuntos Exteriores, Walid al-Muallim, reiterou na quinta-feira que a Síria tem intenção de retirar-se, e horas depois o governo libanês confirmou que os soldados sírios iniciariam "em breve" uma nova "reorganização".

No entanto, nesta sexta nenhum soldado sírio tinha abandonado ainda suas posições.





Fonte: EFE

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