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Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 07:02
Por: Daniel Pettengill

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Encurralados pelo avanço do agronegócio no Norte de Mato Grosso e sem a atenção das autoridades, os índios myky, da região de Brasnorte, estão fadados à extinção.

Os 98 indivíduos remanescentes da etnia, que quase desapareceu entre as décadas de 70 e 80, convivem com a presença ilegal de madeireiros em suas terras. Os mais jovens já não seguem as tradições culturais dos antepassados e preferem mudar-se para a cidade. O índice de alcoolismo entre eles é grande.

A situação é considerada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das mais graves ameaças à preservação dos direitos dos índios em Mato Grosso.

O assunto foi discutido durante a primeira reunião ordinária do conselho nacional, realizada ao longo desta semana em Chapada dos Guimarães. No relatório elaborado pelo secretariado do órgão, os missionários afirmam que a etnia está "exposta a um brutal processo de saque de sua floresta". Os índios vivem hoje em uma área de cerca de 47 mil hectares de vegetação amazônica. De acordo com uma das coordenadoras do Cimi no Estado, Maristela Sousa Torres, as últimas demarcações feitas pelo governo federal no início da década de 80 deixaram de fora áreas importantes para a a subsistência e a manutenção da identidade cultural dos myky.

"Foi tirada deles a região do Tucunzal, onde os índios colhiam a palha para fazer peças de artesanato e também a área do Castanhal, onde eles se alimentavam de castanha", explica.

Segundo ela, os primeiros madeireiros começaram a invadir as terras dos índios há alguns anos.

Hoje são retirados caminhões de madeira em troca de presentes e cestas básicas. "Eles não entendem o mecanismo de ganho de capital do homem branco", acrescenta Maristela.

Ela afirma que a exploração ilegal já rendeu ações do Ministério Público Federal (MPF) e processos judiciais. Mas nada mudou. O interesse econômico nas terras é tamanho que os missionários que lutam pelos myky são constantemente ameaçados de morte. Além de madeireiros, pecuaristas e plantadores de soja lutam pelo direito de tirar proveito das terras pertencentes à etnia.




Fonte: A Gazeta

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