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Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 06:56
Por: Rose Domingues

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A diarista Glória Duarte, 38, tem 10 filhos, é parda, cursou até a 2ª série do 1º grau, o marido está desempregado e seu rendimento mensal não chega a um salário mínimo. Ela mora no Jardim Florianópolis, periferia de Cuiabá. No bairro não há saneamento básico, pavimentação asfáltica ou lazer. No único banheiro parcialmente construído faltam telhado, pia, caixa de descarga e chuveiro. Há apenas dois cômodos na casa de alvenaria mal-acabada onde ela mora, um é o quarto onde a família se espreme para dormir.

Glória retrata bem as famílias que fazem parte das 40% mais pobres mostradas pela Síntese de Indicadores Sociais 2003, divulgada ontem de manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). São pessoas em geral pardas, com dois ou três anos de escolaridade, residentes nas periferias das cidades, com mais de três filhos e que têm alguma ocupação. No entanto, o rendimento mensal geralmente não ultrapassa R$ 185 no País; R$ 219 na região Centro-Oeste e cerca de R$ 227 em Mato Grosso.

O acesso às condições básicas de moradia e de vida são excludentes, como comprovam os dados do IBGE. Apenas 37% da população brasileira que fazem parte dos 40% mais pobres têm acesso ao saneamento básico. Em Mato Grosso, o dado é alarmante, pois esse índice não ultrapassa 12,5%. Em números, isso equivale dizer que pelo menos 53 mil mato-grossenses não contam o serviço básico. Também há de se levar em conta que a maior parte das doenças que acomete a população vem da ausência do saneamento, como diarréia, disenteria, hanseníase.

Em uma outra ponta, destoando da realidade da maioria, cerca de 82% dos 10% mais ricos (rendimento mensal médio de 14 a 12 salários) da população brasileira podem contar com o saneamento básico. No Estado, mesmo os 10% mais ricos têm acesso limitado, apenas 43% deles contam com o serviço essencial.

Outro dado confirmado pela pesquisa é de que a maior parte dos pobres trabalham na informalidade. O cruzamento de dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) entre 2003 e anos anteriores, feito pelo IBGE, aponta que no País 31% da população entre os 40% mais pobres não têm carteira assinada. Em Mato Grosso, esse percentual ultrapassa a 32%. Além de estarem à margem das leis trabalhistas, se não tiverem a iniciativa de contribuir com a Previdência Social, não poderão se aposentar no futuro.

Em termos de escolaridade, apenas 6% dos 40% mato-grossenses mais pobres chegaram à universidade, dado um pouco superior a média brasileira, com 5,5%. No país, dos 10% mais ricos, pelo menos 30% entram para o ensino superior. Mato Grosso está na contramão disso, com um acesso dos mais ricos de apenas 12,4%.




Fonte: A Gazeta

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