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Fator econômico é fundamental na defasagem educacional do país
Rio - A jovem Talita de Carvalho, de 17 anos, moradora da Baixada Fluminense, já deveria estar concluindo o ensino médio. Apesar disso, a adolescente, que estuda em uma escola da rede estadual fluminense, ainda cursa a 6ª série do ensino fundamental. "Repeti três vezes a 6ª série. Era para estar no segundo ano do ensino médio, quase terminando o 2º grau e podendo procurar um emprego decente", conta.
Talita é uma das muitas pessoas entre sete e 24 anos de idade que se encontram atrasadas no fluxo escolar. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 68,3% dos brasileiros entre 18 e 24 anos de idade (faixa etária considerada adequada ao ensino superior) encontram-se ainda na educação básica ou fazendo cursos pré-vestibulares. Destes, 20,4% ainda estão no ensino fundamental e 41,8% no ensino médio.
O sistema educacional brasileiro é dividido em ensino fundamental (para alunos de 7 a 14 anos), ensino médio (de 15 a 17 anos) e ensino superior (de 18 a 24 anos). Qualquer distorção de idade nestes níveis educacionais é considerada atraso no fluxo escolar pelo IBGE. De acordo com o instituto, a defasagem idade/série começa já nos alunos com sete anos de idade. Nesta faixa etária que inicia o ensino fundamental, 14,1% dos alunos já são considerados atrasados. Nos jovens com 14 anos, idade que encerra o antigo primeiro grau, o atraso no fluxo escolar alcança 64% dos estudantes.
"A nossa taxa de defasagem é muito grande, mostrando que há ciclos de repetência e de evasão dessas crianças da escola. Muitos estados já usam a promoção automática. Existe toda uma linha pedagógica que diz que a repetência não é a melhor situação para o aluno", afirma a coordenadora da pesquisa, Ana Lucia Saboia.
Segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mirian Paura, a defasagem poderia ser explicada por dois fatores: a entrada precoce das crianças e jovens no mercado de trabalho e a incapacidade das escolas de lidarem com a complexidade da realidade brasileira. "A entrada no mercado de trabalho muito cedo faz com que a escola não seja priorizada. Além disso, a escola de um modo geral não atende a complexidade da nossa realidade, uma complexidade política, econômica e cultural. O que estamos querendo é uma escola que dê conta dessa complexidade, que os pobres aprendam e que permaneçam nela por mais tempo", disse.
A pesquisa do IBGE faz ainda outra constatação: crianças de sete a 14 anos de idade que trabalham apresentam mais defasagem escolar do que as que não trabalham. Na faixa de sete a nove anos, a defasagem dos trabalhadores é de 33,9%, enquanto o índice entre aqueles que não trabalham é de 27,7%. De 10 a 14 anos, a história se repete: 67,5% dos trabalhadores encontram-se atrasados no fluxo escolar contra 55,7% dos não-trabalhadores.
O presidente do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets) e ex-presidente do IBGE, sociólogo Simon Schwartzman, no entanto, evita colocar o trabalho como causador do atraso no fluxo escolar. Para ele, a defasagem dos trabalhadores é maior por causa da pobreza e não, necessariamente, por causa do trabalho. "Em parte, a defasagem é maior porque essas crianças são mais pobres. Se você olhar só em termos de pobreza, quanto mais pobre for a criança, maior a defasagem idade-série, estando ela trabalhando ou não", disse. "Não posso dizer só porque elas estão atrasadas e não vão para a escola, que é por causa do trabalho. A relação de causa-efeito não é clara".
Talita é uma das muitas pessoas entre sete e 24 anos de idade que se encontram atrasadas no fluxo escolar. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 68,3% dos brasileiros entre 18 e 24 anos de idade (faixa etária considerada adequada ao ensino superior) encontram-se ainda na educação básica ou fazendo cursos pré-vestibulares. Destes, 20,4% ainda estão no ensino fundamental e 41,8% no ensino médio.
O sistema educacional brasileiro é dividido em ensino fundamental (para alunos de 7 a 14 anos), ensino médio (de 15 a 17 anos) e ensino superior (de 18 a 24 anos). Qualquer distorção de idade nestes níveis educacionais é considerada atraso no fluxo escolar pelo IBGE. De acordo com o instituto, a defasagem idade/série começa já nos alunos com sete anos de idade. Nesta faixa etária que inicia o ensino fundamental, 14,1% dos alunos já são considerados atrasados. Nos jovens com 14 anos, idade que encerra o antigo primeiro grau, o atraso no fluxo escolar alcança 64% dos estudantes.
"A nossa taxa de defasagem é muito grande, mostrando que há ciclos de repetência e de evasão dessas crianças da escola. Muitos estados já usam a promoção automática. Existe toda uma linha pedagógica que diz que a repetência não é a melhor situação para o aluno", afirma a coordenadora da pesquisa, Ana Lucia Saboia.
Segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mirian Paura, a defasagem poderia ser explicada por dois fatores: a entrada precoce das crianças e jovens no mercado de trabalho e a incapacidade das escolas de lidarem com a complexidade da realidade brasileira. "A entrada no mercado de trabalho muito cedo faz com que a escola não seja priorizada. Além disso, a escola de um modo geral não atende a complexidade da nossa realidade, uma complexidade política, econômica e cultural. O que estamos querendo é uma escola que dê conta dessa complexidade, que os pobres aprendam e que permaneçam nela por mais tempo", disse.
A pesquisa do IBGE faz ainda outra constatação: crianças de sete a 14 anos de idade que trabalham apresentam mais defasagem escolar do que as que não trabalham. Na faixa de sete a nove anos, a defasagem dos trabalhadores é de 33,9%, enquanto o índice entre aqueles que não trabalham é de 27,7%. De 10 a 14 anos, a história se repete: 67,5% dos trabalhadores encontram-se atrasados no fluxo escolar contra 55,7% dos não-trabalhadores.
O presidente do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets) e ex-presidente do IBGE, sociólogo Simon Schwartzman, no entanto, evita colocar o trabalho como causador do atraso no fluxo escolar. Para ele, a defasagem dos trabalhadores é maior por causa da pobreza e não, necessariamente, por causa do trabalho. "Em parte, a defasagem é maior porque essas crianças são mais pobres. Se você olhar só em termos de pobreza, quanto mais pobre for a criança, maior a defasagem idade-série, estando ela trabalhando ou não", disse. "Não posso dizer só porque elas estão atrasadas e não vão para a escola, que é por causa do trabalho. A relação de causa-efeito não é clara".
Fonte:
Agência Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/357532/visualizar/
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