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Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 09:42

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O advogado de defesa, Valter Locatelli, pediu o desaforamento do julgamento do seu cliente, Luiz Antonio de Oliveira, mais conhecido como Peba, para Cuiabá. O advogado alega que a mudança do local do julgamento é importante para garantir a segurança do julgamento, já que o local apropriado para realizá-lo em Tangará, não garante a integridade do julgamento. O pedido de desaforamento é um fato inédito para a história da justiça de Tangará da Serra.

Conforme Valter Locatelli, o desaforamento é importante porque toda a classe política está envolvida direta ou indiretamente nesse processo, já que os dois envolvidos são de famílias tradicionais da política tangaraense. Além disso, o advogado lembra que o local indicado para ser realizado o julgamento, o plenário da Câmara de Vereadores tem como nome “Vereador Daniel Lopes da Silva”.

Outro detalhe, levantado pelo advogado foi o fato de que o plenário não garante nenhuma segurança. “Quando aconteceu o julgamento de ´Toninho Vaca Gorda´ e ele foi absolvido, a Câmara foi apedrejada”, contou, dizendo entender assim que, por isso, não há nenhum local apropriado que possa possibilitar a integridade dos participantes do julgamento, seja do réu, como também das testemunhas.

Valter Locatelli levantou outra questão com relação a necessidade de mudar o local do julgamento. “Em razão de todos os problemas políticos que gerou tudo isso, acho que seria impossível encontrar jurados que não teriam envolvimento político com esse pessoal”, destacou, lembrando ainda que o código do processo penal, prevê que nesses casos seja deslocado o julgamento para a comarca mais próxima. Ele afirmou que não pediu para outras comarcas, como Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis, Nortelândia, Diamantino, entre outros municípios vizinhos, por entender que a infra-estrutura seria pior do que a oferecida em Tangará.

Para o advogado, a modificação do local é importante, para que se possa ter um julgamento justo. “Além de Cuiabá ter um tribunal de júri com toda a segurança pertinente, também terá um corpo de júri totalmente alheio as questões políticas do município. Por isso, eu busco um julgamento justo, que meu cliente seja condenado ou absolvido, mas de forma justa”, salientou o advogado, destacando o fato de que espera que ele seja julgado isento de qualquer sentimento político.

Para o advogado, o seu pedido de desaforamento irá gerar muitas críticas. “Tenho consciência que o meu pedido irá provocar críticas. Só que só vai me criticar quem não tem conhecimento do processo”, afirmou o advogado, dizendo que espera que a resposta do pedido de desaforamento saia até o final dessa semana, e o julgamento para o final do próximo mês.

PREOCUPAÇÃO: Além da questão de segurança e de oferecer um julgamento justo para o seu cliente, o advogado está preocupado com a questão das influências políticas no caso. “Já que nos autos do processo consta que três delegados foram afastados do caso por influência política”, comentou o advogado, destacando que se a influência política chegou ao ponto de afastar delegados será que não haverá influência junto aos jurados, ou para absolver ou para condenar?

HISTÓRIA: O vereador Daniel do INDEA (PSDB) foi morto enquanto se aproximava de sua casa, numa chácara na Vila Goiás. Depois de encerrada a Sessão Ordinária do Legislativo Municipal, por volta das 3h da manhã do dia três de julho de 2001, o vereador e ex-presidente da casa dirigiu-se para sua residência. Ele foi morto com três tiros na altura da cabeça e pescoço. O carro de Daniel, um gol quatro portas foi encontrado com o seu corpo em frente a sua residência. Daniel do INDEA, 40 anos, era vereador pelo segundo mandato consecutivo, tendo sido o melhor votado na eleição anterior, com mais de 700 votos e alcançado o terceiro lugar em 2000, com mais de 900 votos. Membro da Igreja Batista, ficou conhecido pela atuação frente ao INDEA, onde atendia principalmente os pequenos produtores rurais e pecuaristas. Daniel foi presidente da Câmara Municipal de Tangará entre os anos de 99 e 2000.

Para Valter Locatelli, com a morte do Vereador Daniel ocorreu uma mudança política nos poderes legislativo e no executivo. O advogado acredita que a morte do vereador foi o estupim para tudo o que aconteceu no cenário político de Tangará. “A mim me parece que se não houvesse a morte de Daniel, não haveria a cassação de sete vereadores e a renúncia de três. Não teria acontecido o que aconteceu com o ex-prefeito Jaime Muraro, a cassação, e os problemas envolvendo secretários e empresários do município”, comentou Valter Locatelli.




Fonte: Diário da Serra Online

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