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Sábado - 17 de Novembro de 2012 às 07:41
Por: LAURA NABUCO

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Momento em que moradores de Posto da Mata tombaram viatura da Força Nacional de Segurança
Momento em que moradores de Posto da Mata tombaram viatura da Força Nacional de Segurança
Moradores do Posto da Mata, distrito de Alto Boa Vista (distante 1.064 quilômetros de Cuiabá), tombaram ontem uma viatura da Força Nacional de Segurança que auxilia o trabalho dos oficiais de Justiça que notificam as famílias sobre a desintrusão da terra indígena de Maraiwatséde.

A ação teria sido motivada pelo bloqueio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) às estradas que dão acesso à localidade. Conforme Nailza Rita Bispo, esposa de um produtor rural da região, um homem passou mal e teria sido impedido de ser levado a um posto médico fora do distrito, o que gerou revolta entre os moradores.

Ninguém foi preso, mas o confronto deixou ainda mais tenso o clima na Gleba Suiá Missú, onde as primeiras notificações judiciais começaram a ser entregues há cerca de 10 dias.

Os moradores reclamam da “pressão” das forças armadas, que atuam com a presença de dois helicópteros. Segundo o prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro, que está em Posto da Mata, pelo menos 50 homens do Exército auxiliam o trabalho dos oficiais de Justiça.

“Eles fecham as ruas em todas as extremidades para ninguém sair sem ser notificado. A ignorância é extrema. Os pais estão retirando os filhos da escola com medo”, conta. Além da PRF e do Exército, a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança estão no distrito.

O trabalho de uma equipe de reportagem da Rede Globo também teria contribuído para o início da confusão. Isso porque o bloqueio das estradas, que teria como objetivo evitar a aglomeração de pessoas no centro do distrito, estaria barrando a entrada de produtores interessados relatar suas histórias à emissora.

Por meio da assessoria, a PRF afirmou que apenas a BR-158 está com o tráfego restrito e que o bloqueio abrange apenas parte da pista. Outras três estradas – BR-242, BR-080 e MT-432 – dão acesso ao Posto da Mata.

RESISTÊNCIA - Esposa de um dos membros da Associação de Produtores Rurais da Gleba Suiá-Missú (Aprossum), Nailza sustenta que os moradores vão resistir à ordem para se retirar da área de 165 mil hectares demarcada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como território da etnia Xavante.

“Estamos recebendo as intimações e seguindo a orientação do advogado de não reagir para não causar uma situação de violência, mas isso não significa que vamos aceitar sair das nossas terras”, diz.

Responsável pela defesa da Aprossum, o advogado Luiz Alfreso Feresin já orienta a população a deixar a gleba pacificamente. Ele garante estar confiante que a disputa será vencida judicialmente.

Além de um recurso junto ao STF, onde o processo tramita, um procedimento administrativo tenta reverter a decisão favorável aos índios junto ao Ministério da Justiça. A associação alega que os laudos da Funai para demarcar Maraiwatséde foram fraudados.




Fonte: DO DC

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