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Agronegócios
Sexta - 16 de Novembro de 2012 às 15:08
Por: Leandro J. Nascimento

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Com prazo estimado até 2016 para se adequar às novas regras para a produção de leite instituídas por meio da Instrução Normativa número 62, o cumprimento dos parâmetros exigidos ainda é visto como incerto dentro da pecuária leiteira. A medida passou a vigorar em janeiro deste ano em substituição à outra IN, a de número 51 que norteou a proposta do Plano Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite, sendo válida para os produtores da região Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Por outro lado, a dificuldade em acessar recursos para realizar todas as mudanças necessárias e mesmo o acesso à informação ainda são empecilhos para colocar em prática a instrução.

Em Mato Grosso, onde em 2011 foram produzidos 743,2 milhões de litros de leite, de acordo com o IBGE, o produtor ainda tem dúvidas sobre a Instrução Normativa e, em muitos casos, considera-a complexa.

"Há dois pontos difíceis de se atender, como a contagem bacteriana", declarou Carlos Augusto Zanata, analista de pecuária da Federação da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Famato). A fala é uma referência aos limites para a redução da Contagem Bacteriana Total (CBT), que mensura o grau de higiene durante a ordenha, e a Contagem de Células Somáticas (CCS), que traduz a contaminação por microorganismos no conjunto mamário do animal.

Pela nova determinação, o país precisará reduzir gradualmente os limites máximos tanto da CBT quanto CCS. Desta forma, por exemplo, prevê-se que os índices de contagem bacteriana baixem para 600 mil por mililitros de leite (antes eram 750 mil por mililitro). Da mesma forma torna-se menor o número de células somáticas.

Já em 2014 o controle vai se tornar ainda mais rígido. O máximo permitido passa a ser de 300 mil por mililitro na contagem de bactéria e outros 500 mil para células somáticas. O governo estipulou que para 2016 o índice de placas não deverá ser superior a 100 mil por mililitro e 400 mil para célula somática.

Para produtores do Norte e Nordeste as novas regras só serão exigidas a partir de janeiro de 2013. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, o médico veterinário Guilherme Nunes de Souza diz que as reduções cada vez mais frequentes objetivam garantir a qualidade do leite como também a saúde do animal, diminuindo, por exemplo, o risco de problemas como a mastite - lesão na glândula mamária provocada por bactéria.

"Os problemas mudam de acordo com o perfil do produtor. Um pecuarista que realiza a ordenha manual tem mais incidência da CTB (Contagem Total Bacteriana) e não com a Contagem de Células Somáticas", disse. 

Para Souza, o cumprimento das exigências no prazo estabelecido pelo governo federal ainda é um desafio para a pecuária. Ele lembra, por exemplo, que a Instrução Normativa 62 só substituiu a antecessora porque criadores não conseguiram se adequar às novas regras no período indicado.

"No Brasil, cerca de 50% dos rebanhos de gado de leite registram mais de 400 mil células somáticas por mililitro no leite, ou seja, volume acima do permitido na IN 62. Os produtores têm somente até 2016 para conseguir diminuir isso. O Reino Unido, por exemplo, demorou 22 anos para diminuir o índice de mastite no rebanho", frisou o especialista da Embrapa.

O médico veterinário faz um alerta aos pecuaristas. "Não comprem animais fora do rebanho e nem coloquem-no antes haver exame da glândula mamária para saber se está ou não infectado. Isso vai influenciar na inserção de um animal com ou sem mastite", expressou ainda durante palestra sobre a qualidade do leite na capital mato-grossense.

Infraestrutura influencia
Guilherme Souza lembra ainda que além de reduzir os índices de contaminação, a boa qualidade do leite ainda depende de outras garantias como estradas e acesso a energia. "A qualidade do leite cru representa o início de uma cadeia eficiente", defendeu ainda.

O entendimento é o mesmo do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.

"Os produtores têm capacidade de cumprir as exigências da IN 62, mas também precisam do apoio da indústria e do Governo para terem condições estruturais de armazenamento e transporte corretos do produto. Isso significa boas estradas e fornecimento de energia regular. No fim, quem ganhará com isso será o consumidor", afirmou Prado.





Fonte: Do G1 MT

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