Tensão se espalha no Araguaia; forças de segurança controlam acesso
O Norte Araguaia está definitivamente na mira do “terror”, que pode acontecer a qualquer momento por conta da disputa pela posse da antiga Fazenda Suiá-Missú, que integra o Terra Indígena Marãiwatsédé, dos índios Xavantes. No local estão mais de 7 mil famílias de posseiros, que se dizem determinadas a “lutarem” pelo que é seu. Muitos estão há mais de 30 anos no local. O clima é mais tenso no povoado de Posto da Mata, em Alto Boa Vista.
A ordem de retirada das famílias já foi dada pela Justiça Federal. A operação, no entanto, é complexa. Pelotões da Força Nacional de Segurança, Exército, integrantes da Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal já estabeleceram bases na área para garantir o cumprimento da determinação judicial.
O acesso ao povoado e também a saída em direção a outros municípios da região foram fechados pelo serviço federal de segurança, de acordo com os moradores. Não é possível deslocar-se, por exemplo, entre os municípios de Ribeirão Cascalheira e Confresa, via BR-158, passando por Posto da Mata. Pontes que dão acesso às fazendas da região foram queimadas.
O Instituto Nacional de Reforma e Colonização Agrária (Incra), além da Polícia Rodoviária Federal no estado, o Ibama e o ICMBio também foram citados a atuarem na execução do plano com ações visando garantir a tutela do meio ambiente da reserva indígena.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio, os xavantes ocupam a área Marãiwatsédé desde a década de 1960. Nesta época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região. Em 1967, índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.
No ano de 1980 a fazenda foi vendida para a petrolífera italiana Agip. Naquele ano, a empresa foi pressionada a devolver aos xavante a terra durante a Conferência de Meio Ambiente no ano de 1992, à época realizada no Rio de Janeiro (Eco 92).
A decisão causou revolta. Os posseiros afirmam que compraram a terra com documentos que segundo a justiça é frio. Eles se queixam de que muitos estão deixando 30 anos de vida para trás, sem direito a nada.
"Só saio daqui morto. Cheguei aqui com um ano de idade e tudo o que construí foi fazendo farinha, com o pai trabalhando para um dia conseguir ter uma vida próspera", desabafou o morador Eliezer Moreira Rocha. "Não somos marginais, mas sim pessoas trabalhadoras", disse Carla Camelo, de 22 anos, moradora da comunidade, segundo noticia publicada pelo G1.
Por outro lado, os índios também denunciam a violência. Eles pediram mais segurança para deslocamentos fora da aldeia durante processo de desintrusão, depois de um acidente ocorrido no dia 3 passado. O motorista Mário Paridzané disse que o capotamento de um carro oficial dirigido por ele, que realizava o transporte de pacientes de Marãiwatsédé, se deu em função de uma perseguição.
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