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Nacional
Domingo - 20 de Fevereiro de 2005 às 18:46
Por: Fabíola Salvador

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Brasília - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a relação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT e outros partidos políticos. "Tenho muitos anos de janela e não me lembro de ter visto nenhum momento de tanta confusão partidária", afirmou Fernando Henrique Cardoso, que é presidente de honra do PSDB. Ele referia-se à eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara dos Deputados. Em entrevista de duas páginas ao jornal Correio Braziliense, o ex-presidente afirmou que "um governo que se elegeu com a história de um partido devia ter entendido que os partidos são importantes e que não vale o preço destruir partidos para poder governar".

Fernando Henrique Cardoso avaliou também o quadro da sucessão presidencial, em 2006, e disse que o maior adversário do governo Lula é o PT. "É por causa do anacronismo. Isso não quer dizer que não haja esquerda e direita, progressista e atrasado. Mas progressismo não é isso que eles pensam que é. Em nome do que se imagina sejam os melhores ideais, querem voltar ao passado", comentou na entrevista.

Para ele, o PSDB pode sair vitorioso do pleito em 2006 se conseguir mostrar "olha só no que essa garganta toda deu". "Nós temos outro estilo, com um pouco mais de segurança, clareza, competência na gestão, um pouco mais de simplicidade, sem tanta retórica", comentou o ex-presidente. Ele reafirmou que não é candidato e disse que os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Minas Gerais, Aécio Neves, são nomes fortes do partido.

Fernando Henrique Cardoso também criticou os "arroubos" retóricos do governo atual na política externa. "Arroubos, há. E a retórica, sobretudo em política internacional, tem custo", disse. Ele citou, por exemplo, declarações de integrantes do governo sobre a questão atômica e o enriquecimento de urânio, que segundo o ex-presidente, custaram muito ao País. "Era uma coisa que nós fazíamos há muito tempo, mas deu a impressão de que poderia ser além do razoável. Quando isso acontece, aumentam os controles e prejudica", comentou.

Na entrevista, ele também comentou a situação econômica do País. "A economia brasileira é forte. Todas as vezes em que tivemos um pouquinho de melhor condição no mundo, ou aqui no Brasil, para avançar, nós avançamos", comentou. "Tendo estímulo externo, como acontece agora, a coisa vai. O Brasil então tem condições. A pergunta é: quanto dura?", completou. A resposta para essa pergunta, avaliou, depende de uma análise do cenário externo, principalmente da economia americana.

Fernando Henrique Cardoso aproveitou a entrevista para alfinetar o presidente Lula e para pedir que ele leia um pouco mais. "Mas ele acha que está inventando a roda. A cada lugar que ele vai, diz que está fazendo pela primeira vez na história. Peraí, vai ler um pouco", afirmou o ex-presidente.




Fonte: Agência Estado

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