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Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Domingo - 20 de Fevereiro de 2005 às 11:57
Por: Aline Chagas

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É em busca de melhorias na qualidade de vida que muitos idosos estão revolucionando as atividades do dia-a-dia. Esta década, para eles, é marcada pelo fim dos estereótipos e pela firmação da independência social e sexual.

Um exemplo é a superlotação dos locais com entretenimento exclusivo para a terceira, ou melhor-idade. Os Centros de Convivência, Grupos e Programas de Atenção aos Idosos estão com as atividades sempre movimentadas.

Os eventos mais disputados pelos idosos em Cuiabá, no entanto, não são acompanhados por profissionais da saúde ou de atividades extras, como coral e banda. Cerca de 200 idosos se reúnem quase todas as tardes para dançar forró e colocar conversa e carinho em dia, tudo sem deixar de cumprir com as responsabilidades adquiridas com o tempo.

“Cuido dos meus netos até meio-dia. Depois disso, deixo eles na escola e venho dançar. É uma fisioterapia, um motivo para viver com alegria. Se não fosse isso, ficaríamos em casa sem fazer nada, esperando a barriga crescer e a depressão começar. Não deixo de cumprir com minhas responsabilidades. Quando meus netos estão em aula, ainda saio daqui e vou buscá-los na escola”, conta Joel de Souza Oliveira, de 64 anos.

Os bailes acontecem durante toda a semana, em lugares diferentes. Na terça, o ponto de encontro é no Centro Comunitário do bairro Pedregal. Na quarta-feira, no Centro de Convivência de Idosos Padre Firmo. O Galpão, em Várzea Grande, é o local do baile de sexta e o Bar do Lenine, no Dom Aquino, recebe os idosos na quinta e sábado. Todos os bailes acontecem durante a tarde e início da noite. “Só faltam bailes no domingo e na segunda agora. E se começar, pode ter certeza que todos irão”, afirmou Benedito Machado, de 65 anos, durante o baile de quinta-feira, dia 17, no Bar do Lenine.

A fama da alegria dos bailes é tão grande, que mesmo os mais novos vão para se divertir. Esse foi o caso da dona-de-casa Inês Maria Jorge, de 44 anos, que passou a freqüentar as festas para acompanhar os pais, depois de perceber a mudança para melhor no humor e na saúde deles.

“Meus pais sempre voltavam para casa muito animados. Depois que eles começaram a participar do bailes, pararam de ficar reclamando de doenças. Por isso, animei a conhecer esse ambiente. Acabei encontrando o Adjazio (Dantas, 63 anos), meu namorado, e estamos juntos há três anos. Hoje, quando eu estou triste, é meu filho quem pergunta se não tenho nenhum baile para ir”, contou Inês.

O presidente da Associação dos Idosos do bairro Pedregal, Geraldo Manoel da Silva, 74 anos, explica que esses bailes não ficam vazios porque é a oportunidade que os idosos tem para se divertir. “Optamos por fazer o baile lá no Pedregal também para termos mais dias de diversão. São sempre os mesmos freqüentadores, em todos os lugares, e o mais importante, todos são unidos, como uma família. O objetivo é diversão, por isso nunca sai briga”, disse.

“Não cobramos entrada e nem proibimos ninguém de entrar. Mas ficamos observando. Se alguém demonstra que vai agir de má-fé ou fazer zombarias, é logo convidado a se retirar do local. Fazemos tudo isso em favor da diversão”, contou Lenine Ferreira Gomes, responsável pelos bailes de quinta e sábado.




Fonte: Diário de Cuiaba

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