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Cidades/Geral
Domingo - 20 de Fevereiro de 2005 às 10:40

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O Brasil não está mais recebendo as matérias-primas para a fabricação dos medicamentos que controlam o vírus da Aids e, no máximo em dois meses, os estoques de Mato Grosso estarão zerados e sem perspectivas de reposição. O problema colocará em risco o tratamento milhares de soropositivos no Estado e milhões em todo o país. Esse é o aspecto mais visível de uma crise que se aproxima, a mais grave do país desde a disseminação do vírus HIV, em meados da década de 80.

Oficialmente, o Brasil estaria apenas sofrendo os efeitos de um ligeiro atraso no fornecimento das substâncias, que são trazidas da China e de países da África e da América no Norte.

Mas o problema que ainda nenhuma autoridade de saúde assumiu pode colocar em pânico todos os que dependem da medicação para continuar vivendo.

Organizações não-governamentais garantem que o fornecimento da matéria-prima foi interrompido em razão do final de um acordo que durou 10 anos com os fornecedores internacionais, que agora estariam dispostos a patentear as substâncias e não mais cedê-las. Por isso, os produtos já começaram a faltar na rede pública de saúde de São Paulo e, para outros estados, o desabastecimento total é apenas questão de tempo.

"A situação é muito grave mesmo. Acho que o nosso estoque suporta no máximo mais dois meses, porque é tudo provisório", alarma-se o médico Ivens Scaff, um dos primeiros a trabalhar com portadores do vírus HIV em Mato Grosso.

Segundo ele, as prateleiras da farmácia do Estado só não estão completamente vazias porque o governo de Pernambuco possuía uma reserva e remanejou algumas caixas para o Estado durante o Carnaval. Cerca de 2,4 mil pessoas dependem dos medicamentos fornecidos todo o mês pela farmácia. Estima-se, no entanto, que existam quase 4 mil soropositivos só em Cuiabá.

Durante a "folia", aliás, faltaram medicamentos por dois dias, segundo Scaff. Para a ONG Corações Amigos, que trabalha com soropositivos, foi por mais de uma semana.




Fonte: A Gazeta

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